Enquanto quase um entre três brasileiros apresenta problemas de saúde mental, relacionados à ansiedade, insônia e alteração do apetite, apenas 52% dos brasileiros têm o bem-estar mental como a principal preocupação. Ainda que a pandemia da Covid-19 tenha tido um papel determinante para a piora de casos, é possível entender que o período vivido nos últimos anos tenha contribuído para evidenciar graves problemas que já ocorrem no mundo há algumas décadas. Desde a criação da Carga Global de Doenças, metodologia que mensura o impacto de doenças na população mundial, tornou-se claro o quanto os transtornos mentais afetam a vida em sociedade.
Em 2022, a Organização Panamericana da Saúde já havia notificado a urgência da situação, trazendo recomendações de ações que devem ser seguidas pelos governos. Um dos principais pontos destacados foi a necessidade de colocar a saúde mental como prioridade para o Estado, incorporando ações entre governo e sociedade, além de aumentar o financiamento de políticas públicas com esse viés.
Para que isso seja possível, quatro frentes podem ser adotadas: investimento em programas de atenção à saúde mental; aumento da formação de profissionais da área; qualificação de profissionais não especializados em saúde mental; e desenvolvimento de novas tecnologias que ampliam o acesso a cuidados para essas questões.
A boa notícia é que a formação de psicólogos e psiquiatras aumentou nos últimos anos, mas, ainda assim, a demanda é maior do que sua disponibilidade. Neste sentido, a sanção da lei federal nº 14.556, em abril de 2023, traz luz à preocupação em realizar campanhas de conscientização nacional, promoção de hábitos saudáveis e prevenção de doenças psiquiátricas, como iniciativa fundamental para o bem-estar mental de toda a população.
Portanto, fique atento: prevenir problemas de saúde mental envolve a adoção de hábitos e práticas que promovam o bem-estar emocional e psicológico. Se perceber sinais de preocupação, procure ajuda profissional. A saúde mental é individual e o que funciona para uma pessoa pode não ser o mesmo para outra.
Greice da Silva Carvalho, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio.