A saúde do município de Goiânia está em colapso. O governo municipal abandonou a área e os usuários estão morrendo sem assistência, diante de um sucateamento que atinge a todos com unidades superlotadas, profissionais sobrecarregados e sem condições de trabalho, em uma crise sem precedentes.
Por muito tempo, a capital goiana foi conhecida por ser um polo regional de saúde, com atendimento especializado e de excelência em diversas modalidades, porém, é uma pena que neste momento, isto esteja restrito à demanda da rede privada. A oferta pública municipal está em ruínas.
A situação tem sido denunciada com frequência. Recentemente, o Conselho Municipal de Saúde (CMS) de Goiânia veio a público alertar a sociedade, bem como autoridades competentes, sobre o estado de calamidade que se encontra a rede de saúde da cidade, que a entidade denominou de caos.
Em um documento assinado de forma conjunta pelo CMS e por diversas entidades representativas como conselhos de Enfermagem, Farmácia, Odontologistas e Médicos, a situação desastrosa da gestão do setor foi exposta, evidenciando as mazelas sofridas pela população de Goiânia que, sequer, encontra materiais disponíveis para curativos quando necessário.
Uma ação de inspeção no Almoxarifado Central da Prefeitura de Goiânia, gerido pela empresa Branet Gestão de Logística em Saúde Ltda., constatou a ausência de um sistema eficaz de controle e rastreabilidade dos medicamentos e insumos farmacêuticos em todas as etapas dos processos, desde o armazenamento até a distribuição, o que é preocupante.
Para agravar ainda mais a situação, também foram identificados no local remédios com data de validade vencidas ou próximas ao vencimento, falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) e a necessidade de capacitação de funcionários para transporte e conservação dos remédios e mantimentos.
Os noticiários e meios de comunicação mostram diariamente o desabastecimento das unidades de saúde do município, contudo, ao mesmo tempo em que faltam medicamentos essenciais que podem salvar vidas nas unidades de urgência, os mesmos vencem no depósito, pela falta de uma priorização logística de distribuição.
Não bastasse toda essa ingerência, servidores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) estão em greve há quase duas semanas, após anúncio de terceirizações, que precarizam as condições de atuação dos trabalhadores. A prefeitura anunciou contratações emergenciais, que incluem call center, regulação e aluguel de ambulâncias com motoristas, aumentando a crise enfrentada pelo serviço, que é essencial à população. O chamamento chegou a ser suspenso pelo Executivo após recomendação do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO).
Toda essa situação chama a atenção pela falta de ação da administração municipal, que deixou a cidade à deriva, não se posiciona e também não apresenta soluções para o goianiense, que tem pagado o preço nos Cais sem médicos e sem materiais para necessidades básicas no pronto-atendimento.
A saúde pede socorro!
Ludmylla Morais é Pedagoga e Mestra em Educação pela UFG e pré-candidata à Câmara Municipal de Goiânia