13 de setembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 26/07/2018 às 18:00

Saudades de um amigo que partiu

Passagem pela ciclofaixa do Parque Areião. (Foto: Prefeitura de Goiânia/Setembro de 2015)
Passagem pela ciclofaixa do Parque Areião. (Foto: Prefeitura de Goiânia/Setembro de 2015)

Na madrugada fria do dia 30 de julho de 2017 Goiânia perdia um dos seus mais dedicados homens de espírito público. Falecia sob um infarto fulminante o prefeito Paulo Garcia, que seis meses antes havia deixado o cargo, depois de administrar a capital dos goianos por sete anos e oito meses. O único prefeito nascido em nossa capital.

A cidade acordou incrédula! Às 6h eu já estava em seu apartamento, vendo o corpo estendido em sua cama e sua inconsolável companheira Dra. Tereza Beiler ao seu lado, além de alguns amigos e parentes próximos.

Foi um dia longo em que a cidade parou para prestar tributo ao seu ex-Alcaide. As rádios, jornais, emissoras de TV e as redes sociais só falavam do médico, esposo, pai e líder que partiu tão jovem, na flor dos 58 anos de idade. 

Um líder que transformou a cidade de Goiânia, que incutiu nas pessoas e na administração pública o conceito de sustentabilidade, que vislumbrando o futuro, construiu 100 quilômetros de ciclovias e ciclorrotas. Que valorizou os servidores públicos, que honrou a Justiça, a advocacia e os credores do município pagando 100% dos precatórios. Um médico que construiu a melhor Maternidade do Centro-Oeste onde já foram realizados mais de 13 mil partos e iniciou a construção de outra maternidade melhor ainda deixando com 50% das obras prontas, e 32 novas unidades de saúde.

Paulo Garcia pensava grande. Muitos reclamavam de sua administração, mas a cidade estava sempre em movimento. A Praça Cívica e a Praça do Sol foram reconstruídas com um padrão de qualidade excepcional. Construiu três viadutos e uma ponte na Marginal Botafogo. Reconstruiu o Parque Mutirama e instalou um novo e moderno teleférico. Construiu dezenas de parques por toda cidade e implantou o Parque Macambira Anicuns, que deu uma nova feição à região sudoeste de Goiânia.

Paulo Garcia muito fez, mas não gostava de publicidade. Implantou e reformou mais 100 praças pela cidade e em muitas nem compareceu à inauguração. Paulo era avesso a badalações e confetes, era um prefeito do povo, que era encontrado fazendo supermercado ou pedalando nos grupos de pedais por toda cidade. 

Trabalhava muito. Às vezes ia de bicicleta para o Paço Municipal. Foi leal até com os que o abandonaram politicamente. Enfrentou a maior crise econômica do país, mas nunca deixou de pagar a data-base aos servidores. Investiu na educação construindo e inaugurando 37 novas unidades educacionais – sendo 28 Cmeis e nove escolas de ensino fundamental -, com ampliação de 14 mil vagas para crianças de zero a quatro anos.

Gostava de esporte e fez questão de construir sem alvoroço 40 quadras poliesportivas nas escolas municipais de Goiânia, a Praça da Juventude do Setor Novo Horizonte e o Centro Esportivo Jardim Guanabara.

Paulo Garcia era um grande amigo e partiu cedo. Como dizia o poeta Carlos Drummond de Andrade: “Tenho razão de sentir saudade, tenho razão de te acusar. Houve um pacto implícito que rompeste e sem te despedires foste embora. Detonaste o pacto”.

Goiânia perdeu um grande prefeito e gestor, e a cada dia a população reconhece o seu legado. Amém

Edilberto de Castro Dias é advogado e ex-presidente da COMURG 

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