Com a pandemia de Covid-19 e a necessidade de isolamento social, o trabalho em home office teve um crescimento vertiginoso e as videochamadas passaram a fazer parte de nossas rotinas. Com isso, surgiu o que especialistas têm chamado de “efeito zoom”: o excesso das chamadas de vídeo nos faz ter mais contato com nossa face e perceber mais detalhes sobre o que queremos mudar em nosso rosto.
Com isso, a busca pelo termo “rinoplastia” teve um aumento de 4.800% nas plataformas do Google, superando lipoaspiração como procedimento estético mais procurado. O desenvolvimento das técnicas e a possibilidade da recuperação pós-cirúrgica em casa, por conta do trabalho remoto, também contribuíram para o crescimento do interesse por esse tipo de procedimento.
Por esse motivo é preciso alertar para as diferenças entre rinoplastia e rinomodelação. A rinomodelação é o nome dado a preenchimentos no nariz e outras pequenas intervenções. Já a rinoplastia é um procedimento cirúrgico e, salvo exceções, é a melhor opção para mudanças no nariz.
Como a rinomodelação normalmente é uma intervenção de custo menor, muitas pessoas têm recorrido a esse procedimento na tentativa de resolver todas as queixas relacionadas ao nariz. Entretanto, ela não é indicada para todos os casos e nem mesmo pode ser um procedimento definitivo. Algumas pessoas que executam a rinomodelação têm usado pontos, adicionado cortes e, consequentemente, cicatrizes em lugares que são considerados invioláveis no nariz, como, por exemplo, o triângulo mole, no intuito de afinar a ponta. Falar que é um procedimento definitivo é, no mínimo, questionável, uma vez que para ter essa definição é necessário um acompanhamento a longo prazo, o que ainda não existe.
Durante a rinoplastia também é possível tratar a parte funcional do nariz, como os desvios do septo, o que não pode ser feito na rinomodelação, porque ela não corrige esses desvios. Há relatos de pacientes que passaram por algumas rinomodelações descritas como definitivas e que tiveram a função respiratória piorada.
A rinoplastia costuma ter um custo financeiro mais alto, se comparada à rinomodelação, mas isso se deve à sua complexidade, porque é possível tratar diversas variáveis. Fazer um procedimento mais caro vale a pena se for uma coisa positiva para o paciente. Não adianta economizar e optar por um procedimento com um resultado abaixo da expectativa. É bem melhor se programar financeiramente e optar pelo que vai trazer o melhor efeito.
Para isso, a indicação é sempre procurar o auxílio e a orientação de bons profissionais da área, que irão recomendar os procedimentos mais adequados para cada caso. É preciso saber escolher o profissional, procurar as referências, saber se ele está apto a fazer esse tipo de cirurgia e se conseguirá resolver alguma intercorrência que possa vir a acontecer. O principal é haver a relação de confiança entre o paciente e o médico, para que se tenha a certeza do bom atendimento e bons resultados.
Fábio Fernandes é cirurgião plástico com sub-especialização em cirurgia crânio-maxilo-facial pela Universidade de São Paulo (USP) e é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), da American Society of Plastic Surgeons (ASPS) e da Rhinoplasty Society