Usamos o maior evento esportivo do planeta para mostrar ao mundo quem somos e, para o espanto de muitos de nós mesmos, somos muito bons. Sim, temos defeitos e precisamos avançar, enquanto sociedade, em muitas áreas sensíveis. Mas, no geral, nossos aspectos positivos superam em muito as nossas mazelas.
Para o turismo, para além das medalhas e da superação dos atletas, ganhamos a disputa por espaços positivos na mídia mundial. Conseguimos promover o nosso povo, a nossa cultura e os nossos destinos. No final das contas, a Olimpíada extrapola e muito as quadras, campos e arenas esportivas. Trata-se de uma jogada ousada de marketing. Uma jogada comprovada historicamente, com o crescimento do turismo internacional de pelo menos 6% nos países que sediaram grandes eventos no ano subsequente às disputas esportivas.
Coincidentemente ou não o exemplo vem de países que já enfrentaram o desafio de sediar a Olimpíada, como os Estados Unidos e a Espanha que encaram o turismo como um vetor estratégico da economia, uma importante ferramenta de geração de emprego e renda para a população.
Sem ufanismo infundado ou complexo de vira-latas, também soubemos aproveitar a nossa oportunidade. Mostramos o charme e a beleza do nosso povo representado pelo desfile impávido e elegante de Gisele Bündchen. A simplicidade complexa da nossa cultura nas notas e melodia da bossa de Paulinho da Viola. A nossa liderança em alguns campos do conhecimento com o voo magnífico do 14 bis de Santos Dumont sobre o Maracanã e depois pela cidade maravilhosa, um símbolo forte para retratar um país exportador de aviões. A responsabilidade de uma nação que se preocupa com o meio ambiente e com o aquecimento global. A alegria desorganizada da nossa sociedade ilustrada no crescimento dos nossos centros urbanos e no surgimento das favelas.
Como num filme de roteiro às avessas, a abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, com custo 85% menor que o da última edição, foi o clímax de uma história que retrata quem é o Brasil. Os fatos e ações que transcorreram nos dias seguintes como a Casa Brasil, que recebeu mais de 200 mil pessoas apenas no período olímpico, as medalhas de ouro como a da judoca Rafaela Silva, do boxeador Robson Conceição, ou do atleta do salto com vara, Thiago Braz, apenas deram sustentação à narrativa. Fomos honestos e nos mostramos tal como somos, com alguns defeitos e muitas virtudes. O mundo gostou do que viu. Quase 99% dos turistas nacionais disseram que a viagem ao Rio atendeu plenamente ou superou as expectativas. O índice de satisfação do público internacional superou 83,1%. Os maiores veículos de comunicação também se renderam ao Brasil, numa cobertura jornalística majoritariamente positiva.
Mas a história ainda não acabou, falta um capítulo importante que retrata a garra e a força de vontade do brasileiro, sintetizada no desempenho dos atletas paralímpicos. Mais uma vez vamos despertar a curiosidade e o interesse do planeta para este país, que apesar de tantos problemas, consegue ser potência mundial paralímpica. Por isso, que venha a Paraolimpíada.
Alberto Alves, ministro interino do Turismo