Paulo Guedes é uma figura muito confusa. Enquanto seu dólar rende, em offshores no exterior, o país está estagnado e o ministro está aqui em campanha para reeleição de Bolsonaro e, ao que tudo indica, de si próprio. Está tentando combater a inflação através de juros altos, e aparece aos empresários, como se não fosse um membro do governo, ou responsável pelo o que ele mesmo denuncia, e diz que eles estão com uma “bola de ferro” no pé direito: os próprios juros altos.
A outra “bola de ferro”, para ele, estaria no pé esquerdo: impostos muito altos. Interessante. Quem cobra impostos não é o governo? Quais os projetos de Paulo Guedes levados ao Congresso para reduzir impostos sobre os produtos consumidos pelos trabalhadores, e não só Whey Protein e-ou jogos de vídeo-games?
Uma economia estagnada, que em um momento é culpa da Pandemia, em outro é culpa da Guerra na Ucrânia, em ainda outro é culpa de uma cúpula no poder que não deixa o presidente e sua equipe governar…
Terminou o discurso dizendo que não podemos “deixar a chinesada entrar”. Gostaria a China de vir ao Brasil para produzir aqui? Ou quer o país, um de nossos principais parceiros econômicos pelo menos desde 2006, comprar o que vendemos? O que a China pode comprar, e o que não pode? Bom, isso depende de um projeto econômico que ele mesmo, Paulo Guedes, não deixa claro à população.
Paulo Guedes, o gênio da economia, não tem um livro. Não tem um artigo, nem mesmo um ensaio. Não participou do debate econômico antes de ser “candidato” a ministro. Quando saiu de Chicago, foi para o Chile de Pinochet. É um especulador financeiro, que sobrevive da especulação e, nunca produzindo nada, não participa do capitalismo produtivo. Qual sua visão de macroeconomia? Já andou pelos estados do Brasil, e conhece as especificidades econômico-históricas de cada região?
Até 2018, ninguém sabia quem era. Apareceu a primeira vez articulado com Luciano Huck, quando este queria ser candidato a presidente do Brasil. Sua candidatura não vingou, apesar de seu sucesso como apresentador de auditório, e então Guedes se aproximou de Bolsonaro. Este o apresentava como o “posto ipiranga”: alguém que conhece todas as questões econômicas, que sabia de todas as soluções.
O país, depois destes quatro anos perdidos, está parado. Esse fracasso se tenta esconder com as lives, vulgaridades em comunicações com jornalistas, respostas obtusas em entrevistas como as do Jornal Nacional.
O que interessa pra população, acredito, são os milhões de desempregados ou precarizados, a falta de política industrial, a submissão econômica ao imperialismo norte-americano. A História mostrou, nestes quatro anos, que o plano econômico não passou de especulação mesmo.
Cristian de Paula Jr é professor de história e mestre e doutorando em História da Política pela UFG