As alianças dos últimos processos eleitorais, tanto no Estado quanto em Goiânia, colocam o PMDB da capital diante de dois caminhos bem opostos para a sucessão do prefeito Paulo Garcia (PT) no ano que vem e, em segundo momento, para as eleições estaduais de 2018. O primeiro é a manutenção da aliança com o PT, união esta que começou em 2007 em Goiânia e serviu de base para as vitórias do ex-governador Iris Rezende (PMDB) em 2008 e de Garcia quatro anos depois. A aliança ainda foi mantida para a corrida ao governo do Estado em 2010, quando Iris Rezende foi apoiado pelo PT, que indicou o ex-prefeito de Goiânia Pedro Wilson a candidato a uma vaga do Senado.
Em 2014, a aliança PT-PMDB começou a se enfraquecer devido a dois principais motivos – a divisão do PMDB – entre iristas e fribozistas, aliados do empresário José Batista Júnior, o Júnior do Friboi, que se filiou ao partido com a intenção de concorrer ao governo -, além dos problemas administrativos do prefeito Paulo Garcia na capital, que passou a incomodar o seu principal aliado. O primeiro fator, principalmente, pesou na decisão dos partidos em tomar rumos diferentes.
Na oportunidade, havia o temor dentro do PT que Júnior do Friboi viesse a ser o candidato e o partido ficasse refém de uma aliança com o empresário. Isso porque Friboi, deste que lançou a sua pré-candidatura, não tratou o PT como um aliado preferencial, como Iris tratava, mas sim como mais um partido no bolo dos possíveis aliados. Assim, o então prefeito de Anápolis Antônio Gomide (PT) renunciou ao cargo no início de abril e se transformou como uma opção do partido ao governo. O problema é que, após a saída de Júnior do processo, o PT acabou se empolgando com a possibilidade de ter candidato próprio e se recusou a apoiar Iris. Viraram adversários.
Deste racha eleitoral nasceu a segunda opção de caminho que o PMDB tem hoje para os futuros pleitos eleitorais. Sem o seu maior aliado, Iris Rezende expandiu a sua coligação de governo para o lado do grande adversário dos petistas, o DEM. Ofereceu a candidatura ao Senado para o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM) e fortificou o projeto do próprio, que já existia antes da união DEM-PMDB.
A derrota do PMDB para a base aliada do governador Marconi Perillo (PSDB) não levou a cisão da aliança PMDB-DEM. Pelo contrário. Com uma habilidade política habitual, Caiado colocou o PMDB como o principal responsável para a sua vitória na corrida pela cadeira goiana do Senado. Soube cativar o partido aliado nos quatro cantos do Estados. Mais do que isso. Afagou o principal líder dos peemedebistas quando, logo após o segundo turno, lançou Iris Rezende como o melhor nome para a prefeitura de Goiânia em 2016.
Prós e contras
Não há, hoje, uma fórmula mágica que indique qual seja o melhor caminho para o PMDB nas eleições de 2016 na capital. Ao que tudo indica, o ex-prefeito Iris Rezende é o favorito para concorrer a mais um mandato ao Paço Municipal. Dos nomes que hoje se apresentam como possíveis candidatos, tanto na base aliada de Marconi, quanto na base da prefeitura, Iris é o que parte com a maior densidade eleitoral. Tanto que a sua vice já começa a ser cobiçada por lideranças políticas, como mostrou a Tribuna na semana passada.
O PT tem maior tradição e força eleitoral do que o DEM em Goiânia. Antes da reeleição de Paulo Garcia, os petistas já haviam vencido a corrida eleitoral na capital por duas oportunidades – em 1992, com Darci Accorsi, e em 2000 com Pedro Wilson. Nas duas eleições, o partido marchou com poucos aliados e mostrou força ao derrotar os grupos hegemônicos no Estado. Em 1992, Darci venceu o empresário Sandro Mabel, candidato do partido do governador à época, o PMDB. Oito anos mais tarde, os petistas derrotaram Lúcia Vânia (PSDB) e Darci Accorsi (na época no PTB), dois candidatos de partidos da base do governador Marconi Perillo.
Além disso, a máquina da prefeitura estará nas mãos do PT em 2016. Qualquer nome que for apoiado pela agremiação terá benefícios pela ligação do candidato ao poder. Este é mais um fator positivo que conta a favor do PT nesta ‘disputa’ com o DEM de principal aliado peemdebista na sucessão de 2016.
O problema do PT é a gestão mal avaliada de Paulo Garcia na capital. A baixa popularidade da administração petista pode ser um catalizador negativo para o candidato do PMDB. Este sendo Iris Rezende, a dificuldade será ainda maior. Isso porque o peemedebista hipotecou apoio total e irrestrito a Paulo nas eleições de 2012. Caso o petista não consiga reverter a má imagem, o desgaste pode ser transferido para Iris na campanha. Algo mais difícil de ocorrer caso o PMDB se alie ao DEM e busque a desvinculação da gestão petista.
Neste caso, o PMDB teria um partido com menos estrutura como aliado, mas ficaria mais livre, sem a obrigação de respaldar a administração de Garcia. Alguns peemedebistas acreditam que é possível fazer uma divisão entre as gestões de Paulo Garcia – uma antes da reeleição, quando o petista herdou o governo de Iris e manteve a estrutura peemedebista no Paço Municipal, e outra após 2012, quando o PT assumiu de vez a gestão. O discurso seria que, com o protagonismo do PMDB, a prefeitura contava com uma boa imagem, tanto que Paulo venceu as eleições no primeiro turno.
O ano de 2015 será decisivo para o PMDB definir o seu próprio caminho. É claro que esta decisão não passa apenas pelo PMDB. Dependerá também dos projetos e da vontade de DEM e PT. No momento, o DEM está na frente por um motivo simples. Enquanto Caiado dá declarações de que quer estar com o PMDB e que Iris é o candidato natural em 2016, o PT prioriza o discurso de que o partido tem nomes para a prefeitura de Goiânia e que estaria disposto a tentar fazer o sucessor. De qualquer forma, a aliança que for definida em Goiânia-2016 fatalmente será a favorita para ser repetida em 2018, ao governo do Estado.
(Texto do editor de política do Tribuna do Planalto – Eduardo Sartorato)