Vivemos em um Estado Democrático de Direito, certo? O meu direito acaba onde começa o do outro, ok? Justiça é dar, a cada um, o que é seu, não é mesmo? Essas são premissas que alguém bem informado, ou que ao menos começou um curso de Direito está cansado de saber. A pergunta que fica é: Então por que não estamos vendo nada disso ser respeitado em Goiás?
Vindo do governador Marconi Perillo, a prática de processar jornalistas não é nova. O exemplo mais emblemático culminou na conturbada saída de Jorge Kajuru de Goiás. Em plenos dias em que sua imagem é arranhada pela Operação Monte Carlo, e acusações envolvendo seu nome aparecem todos os dias, o chefe do Executivo goiano ainda opta por confrontar, na Justiça, a livre opinião de profissionais que são agentes de informação.
A competente repórter de O Popular, Fabiana Pulcineli, foi a última a ser acionada pelo governador. Além dela, também foram, recentemente, Mino Pedrosa, da QuidNovi, e Henrique Morgantini, do jornal O Anápolis, que em coluna no site Brasil 247, comparou Marconi com Richard Nixon, presidente americano que caiu com o famoso caso Watergate. Com o ritmo das investigações em torno de Marconi e Cachoeira, não acho exagero algum ao menos lembrar o caso.
Qual o motivo, ao invés de se concentrar em sua defesa, Marconi parte para o ataque via judiciário? Já não basta o exército digital que interpela nas redes sociais a seu favor e contra vários que fazem críticas ao governador? Todas as armas precisam ser usadas? A melhor defesa é o ataque? Se tratando de tantas denúncias graves envolvendo um político desse patamar, não creio serem as melhores opções.
O prenúncio de mais embates com o jornalista Luiz Carlos Bordoni, faz a relação de Perillo com a imprensa estremecer ainda mais. Cenas como os carros da Polícia Militar circulando os arredores da Organização Jaime Câmara, em clara ação de intimidação, não saem facilmente da memória da classe. A tensão vinda do Palácio das Esmeraldas provoca um efeito preocupante, que se estende para toda a sociedade.
Os depoimentos na CPMI do Congresso Nacional, ao qual disse “fazer questão de falar”, reservam mais imbróglios para Marconi Perillo. O Brasil vai se voltar para ouvir o que o governador tem a dizer, isso é um grande motivo para se concentrar e unir forças pra provar sua inocência, além do sempre espinhoso ofício de administrar o estado. Processar jornalistas, definitivamente não o vai ajudar em nada.
Paullo Di Castro é jornalista e blogueiro.