Recentemente apresentei na Câmara Municipal um projeto de lei para instituir a Politica Municipal de Prevenção da Automutilação em Jovens de Goiânia e convidei os colegas vereadores para uma Frente Parlamentar em Defesa da Saúde Mental dos Adolescentes. Também estamos preparando um Seminário para debater o assunto. Esse tema é tão delicado, as pessoas têm até medo de falar, sei que não temos respostas prontas, mas o problema está aí, atrás das portas das nossas casas e nas salas de aulas. Precisamos enfrentar esse debate, chamar à nossa responsabilidade, buscar e encontrar a ajuda dos especialistas, porque não podemos continuar perdendo nossos jovens para a depressão, a automutilação e o suicídio. É preciso salvar nossos jovens, que tanto necessitam de ajuda.
O alerta acendeu a partir da divulgação nacional dos casos de uma escola do interior de São Paulo, em que os adolescentes apareceram com sinais de automutilação por lâminas de apontador de lápis e do Recife, onde estudantes tiveram uma crise de ansiedade coletiva, em um dia de prova. Os especialistas afirmam que pandemia pode ter funcionado como gatilho para que os sofrimentos dos jovens aumentassem. Os profissionais da educação são testemunhas diárias de situações semelhantes da fragilidade emocional de muitos jovens e adolescentes em todos os lugares, aqui em Goiânia não é diferente, precisamos ajudá-los, pois eles também estão exaustos e fragilizados. E isso exige uma ação corajosa e efetiva de enfrentamento por parte do poder público. Essas situações de debilidade emocional ocorrem diariamente e não chegam aos meios de comunicação.
Estudo realizado em São Paulo mostrou que 69% dos estudantes avaliados relatam sintomas de depressão e ansiedade. Dentro desse cenário, um em cada três alunos relatou dificuldade de concentração em nível alto ou moderado. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que as condições de saúde mental são responsáveis por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos. O suicídio é a terceira principal causa de morte entre adolescentes de 15 a 19 anos, também segundo a OMS.
Promover o bem-estar psicológico e protegê-los de experiências adversas e dos fatores de risco que possam afetar seu potencial de prosperar são fundamentais para seu bem-estar e para sua saúde física e mental na vida adulta.
Precisamos construir juntos um programa de promoção da saúde mental para os adolescentes e de prevenção ao risco dessas condições com uma abordagem múltipla, sem preconceitos que envolva a saúde, assistência social, escola e comunidade. Uma abordagem humanizada e afetiva, porque como dizia a psiquiatra Nise da Silveira: “O que cura é a alegria, o que cura é a falta de preconceito”.
Sabrina Garcez é filiada ao Republicanos e vereadora em segundo mandato na Câmara Municipal