09 de agosto de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 24/06/2012 às 14:49

Paraguai, golpe de Estado na América Latina

Haveria algum apoio externo, o qual incentivaria movimentos conservadores na América Latina? Pode parecer pouco provável, entretanto, a decisão foi arbitrária. Não foram mais do que 30 horas, para em rito sumário a direita política conservadora do Paraguai destituiu o presidente eleito Fernando Lugo. Em pleno século XXI, quando se imagina a responsabilidade, mesmo que mínima com a opinião pública, um país da América Latina dá sinais de autoritarismo e decisão arbitrária de uma classe, a dos grandes empresários da agroindústria.

Não seria razoável afirmar que o chefe do executivo de uma nação sofra impeachment motivado exclusivamente por um conflito de terras, envolvendo policiais e camponeses,
infelizmente uma constante na região. Efetivamente, pode-se pressupor que já havia uma negociação para a tomada política do governo.

Os países vizinhos por unanimidade desconhecem o novo governo e condenam o golpe de Estado, o que deverá gerar isolamento da nação regionalmente. Mas é difícil
entender como um corpo político toma uma decisão, considerando os problemas, inclusive para as grandes empresas do país, em tempo de crise econômica global.

Haveria algum apoio externo, o qual incentivaria movimentos conservadores na América Latina? Pode parecer pouco provável, entretanto, a decisão sendo arbitrária
não seria sem constrangimentos e ameaças civis e das lideranças políticas da região. O problema está posto.

Nos tempos das colônias

Nos últimos anos a América Latina se transformou em território que busca sua emancipação dos tempos coloniais, em que havia uma produção não a disposição da
sociedade local, mas exportada para as metrópoles, muito distantes.

Embora as mudanças se efetivassem com a independência dos países da região, continuou a exploração com movimentos econômicos externos que tornam os latino-
americanos frágeis política e economicamente; um quintal dos grandes centros globais.

Sem dúvida, uma condição que trouxe muito debate e tentativa de destituição de governos eleitos democraticamente. O Brasil faz parte destes movimentos, além de
Venezuela, Argentina, etc.

A questão a ser avaliada a partir de agora são os movimentos políticos, no sentido de buscar a ordem desejada pelos líderes apossado no Paraguai, tentativa que revelará
quais foram os motivos e motivadores da ruptura antidemocrática.

Contudo, acendeu-se um sinal amarelo nas instituições sociais latino-americana, o que chama a atenção dos demais governos. A rigor, a tensão nunca deixou de existir na
região, considerada de exploração, com uma rica população sem direito aos frutos que colhem em seus países. Como resultado muitos pobres locais e poucos ricos globais.

Portanto, a política torna-se explosiva, lugar de decisões para rupturas ou de ordem totalitária.


Antonio S. Silva é jornalista, mestre pela PUC/SP, doutorando pela UnB e

professor.