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Zacharias Calil*
Estive recentemente em Aruanã e o que mais me chocou é o número de animais mortos nas estradas. E não podia deixar de ser, esse fato nos leva a pensar em todo o meio ambiente goiano e brasileiro como um todo e a necessidade de sua preservação. Em alta temporada do Rio Araguaia, o cuidado é ainda mais importante. Existem meio estruturais e educacionais que devem receber investimentos e serem colocados em prática de imediato.
Para se ter uma ideia, as estradas federais no Brasil possuem uma extensão de 90 mil quilômetros, segundo dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), e apenas 6% delas contam com sistema de passagem de fauna. Esse sistema são corredores subterrâneos, túneis e passagens que lingam as matas cortadas pelas estradas. Em Goiás são aproximadamente 25 mil quilômetros de entre estradas federais e estaduais, e muito trabalho ambiental a ser feito.
No Brasil foram construídas 500 passagens nos últimos 4 anos, e em 30 delas monitoradas 24 horas por dia, mais de 6 mil animais fizeram a travessia em segurança. Grande parte deles está em extinção, mostrando a importância da implementação dos corredores. O investimento em iniciativas de infraestrutura desse tipo são urgentes nas estradas de Goiás e, para salvar nossa fauna única do cerrado.
Além disso, iniciativas educativas permanentes nas escolas e também nos acampamentos durante a alta temporada são ações preventivas de conscientização urgentes. Existe uma Norma de Convivência com o Rio Araguaia, que deve ser do conhecimento amplo, de todo o povo goiano. Atitudes mínimas como não montar os acampamentos com recursos naturais da vegetação local, podem fazer toda a diferença para a preservação do ecossistema e estão nas normas de convivência. Além, é claro, da proteção da fauna e a proibição da pesca predatória. São normas simples, que se observadas por todos, devidamente conscientizados, serão de grande valia para a preservação de nosso meio ambiente.
Lembrando ainda que existem regras gerais de preservação da qualidade da água que devem fazer parte desse processo educativo. Por exemplo, a utilização de sabão em barra para lavar roupas e louças na beira do rio, no lugar dos detergentes, pois aqueles são biodegradáveis, enquanto os últimos não, impedem a oxigenação da água e pode levar à morte de milhares de espécies no rio, diminuindo a qualidade da água e matando o rio aos poucos.
Existem já ações educativas históricas e de grande importância, como é o caso da Caminhada Ecológica, que neste ano completou sua 28ª edição. Toda uma geração foi ambientalmente educada por essa iniciativa. Mas é preciso mais investimento do poder público, em ações estruturais e educativas. A implantação dos corredores de fauna e ações educativas permanentes são um bom começo.
*Zacharias Calil é médico cirurgião pediátrico, defensor do meio ambiente e deputado federal