Normalmente definida como o consumo múltiplo de medicamentos prescritos ou não, a polifarmácia pode começar a se tornar um problema quando uma pessoa usa cinco tipos ou mais de remédios por dia. O termo já é uma realidade cada vez mais presente e, utilizado na área da saúde, principalmente no cuidado a pacientes com idade mais avançada, ainda indica um potencial perigo já que há a possibilidade de interação medicamentosa ou de efeitos colaterais adversos, gerando risco à saúde.
Vale lembrar que a polifarmácia envolve o uso de, principalmente, medicamentos como antidepressivos, medicamentos para dores – que são vendidos sem receitas médicas – e demais remédios dependendo da condição do usuário. Quando combinados, há a possibilidade de se causar uma síndrome chamada serotoninérgica, parecida com ansiedade e apresentando sintomas como tremores, sudorese e até confusão mental.
Também existem combinações de medicamentos que podem causar toxicidade, incontinência urinária, aumentar o risco de queda, redução da adesão a tratamento realmente necessários, elevação das taxas de hospitalização, sangramento intestinal, atrapalhando, muitas vezes, até a absorção de vitaminas necessárias para o bom funcionamento do corpo.
Por isso, para evitar que a polifarmácia gere riscos à saúde, é importante levar para as consultas com os médicos a lista de medicamentos e a forma como os remédios estão sendo ingeridos. Além disso, a automedicação, que já é contra-indicada em geral, é ainda mais perigosa para quem já toma outros remédios “controlados”.
O alerta é muito sério, pois um levantamento do Instituto de Pesquisa e Pós-Graduação para o Mercado Farmacêutico (ICTQ), feito em 2022, revelou que 89% das pessoas se automedicam no Brasil. Dados mostram um número muito alto e preocupante.
Jamais deixe de envolver os profissionais de saúde caso perceba que está tomando muitos remédios. Siga corretamente as recomendações dadas, evite a automedicação (incluindo fitoterápicos), consuma os medicamentos nos horários indicados, não troque, interrompa ou inclua medicamentos sem consultar seu médico.
Da parte dos profissionais de saúde, ainda resta o principal desafio que é qualificar constante para uma melhor atenção em saúde e garantindo assim que a prescrição dos múltiplos medicamentos, quando inevitável, seja apropriada e o mais segura possível para o paciente.
José Israel Sánchez Robles é médico intensivista e nutrólogo