Por Antônio Silva
Goiás é um Estado com grande número de intelectuais acadêmicos – sobretudo da comunicação – importantes para formação da opinião pública regional. No entanto, há poucos com publicações nos veículos de comunicação, que tratam de maneira direta dos fatos sociais. Não há dúvida de sua inserção efetiva nas revistas especializadas de cada área do conhecimento, mas seria importante o aumento do debate em torno de assuntos fundamentais para a qualidade de vida, de uma comunidade que depende também de informações.
O que pensam sobre o caso Cachoeira, Demóstenes, Perillo e outros políticos importantes que representam os goianos? Como pensar as diferenças sociais de Goiânia?
Seria de se avaliar que os jornais locais não permitem uma participação democrática, de maneira a recortar os textos, adequando-os ao discurso hegemônico de grupos locais – mesmo sendo artigo de opinião, assinado? Ou seria pertinente manter distanciamento do grande público, em decorrência da necessidade de se concentrar nas pesquisas mais focadas, com linguajar e estrutura textual afeiçoada aos grupos de pesquisas?
A política no cotidiano, entretanto, é um espaço fundamental também no campo acadêmico, o qual seria como um centro gravitacional, em torno do qual haverá debate, formador de pessoas para o pensamento crítico. Mas não há dúvida que há relação da academia neste terreno, pois não está imune às políticas partidárias particulares, que muitas vezes levam a resultados também econômicos privados para grupos de pesquisa.
O resultado seria singular, portanto, mas em detrimento da democracia e participação social na esfera pública. A cada dia novos sites surgem com capacidade de avolumar vozes na sociedade, que exigem mais participação e interesse pelo debate, conservador ou não.
Os movimentos sociais, principalmente formados por jovens, estão “invadindo” as ruas das grandes cidades, inclusive Goiânia, em busca de visibilidade para suas causas urgentes. Novos nomes para o espaço político esforçam-se para se tornar realidade, e as mudanças na estrutura social vai se tornando inevitável. Neste sentido, há bem pouco tempo ninguém seria capaz de avaliar que Íris Rezende (PMDB) passaria o seu bastão político para outros nomes – mesmo mantendo o seu poder; nem mesmo que Marconi Perillo (PSDB) seria colocado em xeque, com denúncia de envolvimento com grupos promotores de práticas ilícitas, com ampla cobertura pelo Jornal o Popular e, por vezes, de outras mídias da região.
Pois bem, as informações se ampliam com a inserção de discursos de outros campos de pensamento. A rigor, não vive-se somente localmente, entretanto, a globalização,
mesmo questionada pela perda de identidade, poderá exigir análise da cultura e valores a partir do debate local e regional. Caso contrário seremos reprodutores de pensamento
externos, sem avaliar nossa própria realidade.
Isto está de fato longe de ocorrer, pois no cotidiano a comunicação é rápida, capaz de organizar e defender seus símbolos, conhecimento e interesses, culturais, econômicos e
políticos.
Antonio Silva é jornalista, mestre em comunicação pela PUC/SP, doutorando pela UnB e professor.
@antoniosilvva