22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 18/04/2023 às 08:51

Os dois lados da proibição de anabolizantes

Norma veda os profissionais de saúde de indicarem o uso de hormônios andrógenos no esporte amador e profissional ou para a beleza. (Foto: reprodução)
Norma veda os profissionais de saúde de indicarem o uso de hormônios andrógenos no esporte amador e profissional ou para a beleza. (Foto: reprodução)

Um dos assuntos mais polêmicos da última semana foi a resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), publicada no Diário Oficial da União, sobre a proibição de anabolizantes para estética ou performance por meio da prescrição dos médicos. A norma vale tanto para pacientes que buscam ganho muscular, performance esportiva ou melhora estética.

A decisão veio após pressão  de seis entidades médicas que, em uma carta conjunta ao CFM publicada em 27 de março, defenderam a regulamentação desse tipo de tratamento com base em evidências científicas. 

A norma veda os profissionais de saúde de indicarem o uso de hormônios androgênicos (como testosterona e seus derivados) em casos sem eficiência comprovada, no esporte amador e profissional e para a estética. Além da proibição de anabolizantes, também foram proibidas as realizações de cursos, eventos e apologia ao uso dessas medicações. Mas afinal, por que a polêmica?

Sabemos que, em um mundo onde a estética e a aparência contam muito, os esteróides anabolizantes acabam sendo muito procurados por quem quer acelerar processos. Além disso, essa procura acaba movimentando um grande mercado de substâncias . 

A decisão emitida pelo CFM  traz consigo uma situação complexa pois a indicação de anabolizantes para estética ou performance em pacientes tem seus prós e contras. Atualmente, por exemplo, os esteróides anabolizantes são indicados em casos específicos, como terapias de reposição onde há deficiência de testosterona e para a transição de gênero de homens transexuais, e isso vai continuar.

Sabemos que há quem faça  uso indiscriminado  dos hormônios. Este utilização ‘fora da bula’ e em altas doses para finalidades estéticas ou esportivas vêm se espalhando em consultórios e nas redes sociais e, com isso, vale lembrar que tudo em excesso traz riscos. Em contraponto, há diversos procedimentos com fins apenas estéticos que também são passíveis de riscos. 

O uso excessivo de testosterona em mulheres, por exemplo, pode trazer complicações como surgimento acne, aumento do crescimento de pelos, voz rouca, alterações no ciclo menstrual, aumento do risco de doença cardiovascular e redução da tolerância à glicose.

Um outro assunto que corrobora  a complexidade da proibição da prescrição destas terapias hormonais, é o fato de estimular uma comercialização ilegal dos produtos. Algo que já existe, mas que pode ser intensificado neste contexto.

Sendo assim, enquanto a proibição está em vigor, ou caso venha a ser revogada, é importante lembrar que  a indicação de qualquer substância/medicamento deve ser feita com base em avaliação médica profissional e exames, como sempre deve ser realizada quando se trata da saúde.

Dr José Israel Sanchez Robles fala sobre pilates e seus benefícios. (Foto: divulgação)

José Israel Sánchez Robles é médico intensivista e nutrólogo

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