26 de dezembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 20/10/2012 às 16:08

OPINIÃO/ Urubu-tucano é bom de bico, mas não convence ninguém

Por Marcus Vinicius, Editor do Onze de Maio

Arnaud Rodrigues e Chico Anísio marcaram época no Brasil com seus quadros no humorístico Chico City, da TV Globo. Além da graça e originalidade dos quadros eles demostravam extrema habilidade em fazer sátira num dos períodos mais brutais da ditadura militar brasileira.

Humor não tem fronteira, e, que me perdoem os politicamente corretos, não cede a convenções sociais. E foi por isso que Arnald e Chico conquistaram mutidões quando lançaram a a dupla “Baianos & Novos Caetanos”. Satirizando a tropicália, os músicos-humoristas fizeram o povão rir com paródias de nossa MPB.

Uma música, em especial, ficou na minha memória:

“Urubu tá com raiva do boi
E eu já sei que ele tem razão
É que o urubu tá querendo comer
Mais o boi não quer morrer
Não tem alimentação”

E por que raios esta música, Chico, Arnaud vieram à minha cabeça agora? Porque há um dilema em Goiás, impossível de ser resolvido, assim como o dilema do urubu em relação ao boi. É a reforma que não sai do governo de Marconi Perillo (PSDB).

O governador tucano está desgastado. E o desgaste é de múltiplas razões, que vão desde o escândalo Cachoeira-Demóstenes-Perillo-Leréia, passando pelas desastrosas terceirizações da Saúde, Vapt-Vupts, ou pela completa sensação de inoperância do governo.

Marconi precisa mudar, mas como? Seu antecessor viveu este dilema também, noutra proporção. Alcides Rodrigues herdou um governo com 80% de tucanos, precisava acomodar aliados de outros partidos, mas, resignava-se:

“Quem está dentro não quer sair e quem está de fora quer entrar”.

No caso de Marconi Perillo, as amarras se dão com nós mais fortes do que aqueles que prendia Alcides, que por lealdade ao próprio Marconi manteve por três anos e meio a imensa maioria dos indicados pelo tucano ao seu governo.

No caso de Marconi, o amarrilho se deu (e se dá), pela conta da campanha. Os compromissos que o fizeram vencer “os três governos”, foram altíssimos. Ele simplesmente não pode mandar embora quem financiou sua vitória.

Como Marconi Perillo vai pedir para Marcelo Límirio (Neo Quimica) o cargo de seu genro Alexandre Baldi (SIC)?

De que maneira o governador vai conversar com o prefeito de Itumbiara, José Gomes, de forma a convencê-lo a devolver-lhe a Saneago?

Com todo investimento feito na campanha de Catalão, de que jeito Perillo chegará em Jardel Sebba de modo a sensibilizá-lo a entregar a Agecom e as diretorias na Agetop e a SecTec?

Que forças moveriam Thiago Peixoto a deixar a Secretaria de Educação, depois de ter feito o que fez, deixando o PMDB, trazendo para a base outros dois deputados estaduais?

E na Segurança, dominada pelos negócios e interesses do contraventor Carlos Cachoeira? Como remover os tenentes que ainda interessam ao esquema?

Urubu tá com raiva de muitos bois, mas nenhum deles quer morrer, e nesse pasto, o boi fica gordo, e o urubu pode morrer de inanição, pois política sem povo e sem resultados, é política sem votos.

As urnas urraram em todo país contra o tipo de política personalista que o partido de Marconi, o PSDB, fez aqui e noutros Estados.

Em Minas Gerais, Aécio Neves perdeu as grandes cidades e foi para os rincões.

Em São Paulo, Geraldo Alckmin viu o PSDB perder 63 municípios e está vendo o PT, de Lula, Dilma e Fernando Haddad derrotar seu aliado José Serra nas eleições em São Paulo.

Em Goiás, Marconi Perillo assiste de camarote o encolhimento do PSDB, o crescimento da oposição e o aumento da reprovação à sua administração.  Em Goiânia a rejeição ao governo tucano é de 62%, segundo registro do Instituto Grupom, publicado pela Rádio 730.

Apesar de ser bom de bico, o urubu-tucano, não anda convencendo mais ninguém.

Nem eleitor.

Nem aliado.

Haja fome.

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