Pouca gente aqui na capital sabe, ou não se deu conta, mas faltou luz em Pirenópolis na noite do Natal. Hotéis, pousadas, restaurantes ficaram no prejuízo. As quedas de energia têm sido constantes no município que é um dos cartões-postais do turismo em Goiás.
Mas não é só na velha Meia-Ponte que a energia está ruim. Aqui na capital também são comuns apagões nos mais variados bairros, inclusive no que mora este missivista. Também faltou luz em Minaçu durante 30 horas, e toneladas de alimentos tiveram que ser recolhidos dos estabelecimentos comerciais por fiscais da Vigilância Sanitária para serem descartados no aterro sanitário.
Faltou operação tapa-buracos na GO-241, e lá foram prefeitos e servidores públicos de Campinaçu, Formoso e Minaçu, enxadas e pás nas mãos, tentar recuperar os 130 km da rodovia que corta seus municípios, num trabalho que deveria ser dever da Agetop (Agência Goiana de Transportes e Obras Públicas).
Está tudo registrado e documentado pelo jornal Diário do Norte. O apagão na matéria “Toneladas de alimentos perdidos devido a apagão”, enquanto os buracos são retratados na reportagem “Prefeitos se unem para recuperar rodovia” .
O apagão toma conta do Estado, no substantivo e do Estado, ente político, que nesta quadra está representado no governo de Marconi Perillo (PSDB). É o apagar do modo de governar que está completando 16 anos e não consegue dar conta das demandas.
As escolas estão caindo aos pedaços. A saúde, terceirizada (ou privatizada) é alvo de constantes críticas dos usuários. São os buracos nas estradas. É o excesso de promessa numa escassez de realizações.
O marconismo 3.0 perde energia na Assembléia Legislativa, onde quatro deputados estaduais fazem opção pela oposição, como o Major Araújo (PRB), Ney Nogueira (PP), Simeyson Silveira (PSC) e Isaura Lemos (PDT).
Aquilo que se chamou “tempo novo” vai se apagando também entre os aliados. Ronaldo Caiado (DEM) verbaliza vôo próprio e alinhava criação de uma terceira via com a oposição. Suas tratativas se dão com o ex-prefeito Vanderlan Vieira (que disputou com Marconi em 2010) e Jorcelino Braga (PRP), ex-secretário de Fazenda no governo de Alcides Rodrigues (2007-2010).
Não bastassem os buracos nas estradas e o abismo das promessas não cumpridas , o marconismo 3.0 se afunda em processos contra jornalistas , ameaças contra jornais não-alinhados, chegando ao desespero de lançar veículos chapa-branca na internet.
Quando vão mal, governos mudam. Quando vão bem, continuam.
Um Papa que não era contemporâneo de seu tempo teve a dignidade de renunciar ao Trono de São Pedro. Foi um gesto grande o de Bento XVI, mostrando que Ratzinger soube honrar o cargo de Bispo de Roma, que demanda hoje de um novo João XXIII e não da reencarnação de Pio XI.
O povo não é contra continuísmo. Pelo contrário, quando os governos vão bem, seus mandatários são reeleitos, como o foi, recentemente, Rafael Correa no Equador. Os equatorianos, afinal, têm do que se orgulhar: 4,1% de desemprego, redução de 27% na taxa de pobreza, e uma dívida pública de apenas 25% do PIB. O mesmo pode ser dito dos governos de Lula e Dilma. Quem roda por Goiás que o diga, pois é clara a preferência dos motoristas pelas rodovias federais duplicadas e recuperadas nestes dez anos de governos petistas.
Restam 22 meses de governo, que na verdade diluem-se em 16, considerando o calendário eleitoral, podendo reduzir para apenas 12, conforme o ciclo das chuvas, pois é correto dizer que a natureza também tem seus caprichos para com obras e governos.
É pouco tempo para acertar, menor ainda para concertar erros.
Bento XVI teve a luz Divina para não deixar a Igreja ir para o buraco. Podem faltar luz e sobrarem trevas no caminho final do marconismo.
Marcus Vinícius edita o jornal Onze de Maio e o www.marcusvinicius.blog.br