22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 05/02/2013 às 19:14

Opinião: Marconi e Baldy não gostam de Goiânia?

(Texto publicado originalmente no Blog www.marcusvinicius.blog.br )


Pessoas, empresas e governos erram. Quando o erro se sucede, no entanto, não cabe mais pôr culpa apenas num auxiliar, e sim ao dirigente, a quem cabe a palavra final. Os governos de Marconi Perillo (PSDB) vêm, sucessivamente, errando com Goiânia. Ou alguém, em sã consciência acha correta a proposta do Secretário de Indústria e Comércio, Alexandre Baldy, de reduzir ou acabar com os incentivos fiscais na capital. A notícia foi veiculada na coluna Giro, de 03/02 do jornal O Popular e reproduzida no  Blog do Altair Tavares. O que preocupa, é que não é a primeira ação do Governo Marconi que prejudica o desenvolvimento de Goiânia.

Desde a ascensão do marconismo ao poder  a prefeitura Goiânia perde recursos na sua relação com o governo do Estado. No governo do peemedebista Maguito Vilela (1995-1998),  o percentual devido à capital do Estado na arrecadação do ICMS era de 32,5%. Naquele ano era prefeito o tucano Nion Albernaz (PSDB), que governou de 1997 até 2000. Marconi é eleito em 1998, inicia seu governo em 1999, e a partir daí o repasse do ICMS para Goiânia não parou de cair.

No governo do petista Pedro Wilson (2001-2004) caiu para 23%, ou seja, mais de 10 pontos percentuais de perda, ou cerca de um terço menor. Com a eleição do peemedebista Iris Rezende (2005-2008 e 2009-2010), os repasses diminuíram ainda mais, ficando em 17%. Ou seja, em três governos de Marconi Perillo (1999-2002 ; 2003-2006 e 2011-2013), o ICMS de Goiânia caiu 50%! Terá sido coincidência que neste período, Goiânia foi governada pela oposição?  A redução do ICMS se deu pelos goianienses terem optado por dois governos do PT e dois do PMDB, partidos que fazem oposição ao projeto político encabeçado por Marconi Perillo e pela aliança PSDB-PTB-DEM e aliados?

Como é possível que o ICMS de Goiânia sofra decréscimo se neste mesmo período de análise (1998-2013), a capital do Estado passou de 900 mil para 1,4 milhão de habitantes?  Dados do Instituto Mauro Borges (IMB) e Segplan, publicados pelo jornal O Popularem 24/11/2012  no caderno Caminhos de Goiás  mostram que o PIB (Produto Interno Bruto) de Goiânia passou de R$ 19,457 bilhões em 2008 para  R$ 21,3 bilhões em 2009 e R$ 24,4 bilhões em 2010. Na comparação PIB de Goiânia X PIB do Estado, Goiânia , a capital te m 25,1% das riquezas, portanto, qual é a lógica do Palácio das Esmeraldas destinar apenas 17% da receita do ICMS para o Paço Municipal?

Qual a justificativa do secretário Alexandre Baldy para penalizar 1,4 milhão de habitantes?

Em que Goiânia atrapalha o desenvolvimento de outras cidades?

Baldy vai compensar a perda de ICMS de Goiânia com outros recursos? Ou vai penalizar os goianienses com a redução de investimentos em áreas essenciais? Afinal, Educação, Saúde, pavimentação urbana, limpeza e conservação de ruas e praças custa dinheiro. Como fica secretário? É isso mesmo governador? O eleitor de Goiânia será penalizado por votar na oposição?

Dilmismo X Marconismo

O mais impressionante é que não faltam recursos do Governo Federal para Goiás. A presidenta Dilma Roussef, do Partido dos Trabalhadores (PT), nunca discriminou o governador Marconi Perillo, do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Levantamento feito pelo jornal Tribuna do Planalto  aponta investimentos de R$ 5,1 bilhões do governo federal em sanemanto, casas populares, infra-estrutura, rodovias. Dilma é republicana, Marconi é partidário? O marconismo 3.0 reedita a máxima ludovicana de: “Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei”? É isto?

É nesta hora que cabe ao goianiense refletir, o que Goiânia ganhou nestes três mandatos?

Os hospitais da rede estadual estão em frangalhos, como mostrou, recentemente, reportagem da TV Anhanguera  sobre o HDT (Hospital de Doenças Tropicais).

O Estádio Olímpico, demolido num ato de completa irresponsabilidade, é hoje criatório de mosquito da dengue na região central de Goiânia.

O Teatro Martim Cererê, presente do saudoso governador Henrique Santillo para o atores, músicos e artistas plásticos da capital está entregue ao mato e ao abandono. |O Centro Cultural Oscar Niemeyer, como é sabido, ainda não foi concluído.

Os índices da violência batem tristes recordes, com aumento do número de roubos à mão armada, assaltos e assassinatos na capital. Em 2012 foi registrada a tenebrosa cifra de mais de um assassinato por dia.

BRT X VLT

Neste contexto de retaliação à Goiânia e aos goianienses, o governo do Estado quer impor à prefeitura o seu projeto de transporte coletivo baseadeo no VLT (Veículo de Leve sobre Trilhos), contra o BRT. E qual é a diferente entre os dois? O  superintendente da Associação Nacional dos Transportes Públicos (ANTP), Marcos Bicalho explica:   “ O BRT é mais barato e sua implantação mais rápida”. É que a expertise para criar os corredores, explica, já é familiar para o brasileiro e as fabricantes dos veículos estão todas instaladas no país, não havendo necessidade de importar os ônibus.
De acordo com estudo de Peter Alouche, o custo do BRT é de R$ 30 milhões por quilômetro, enquanto o do VLT chega a R$ 60 milhões por quilômetro de trilho” .

Por este cálculo o Eixo-Anhanguera (Leste-Oeste), com seus cerca de 17 km de extensão, o projeto do prefeito Paulo Garcia (BRT) custaria em torno de R$ 510 milhões e o projeto do governador Marconi Perillo (VLT), 1,020 bilhão. O projeto do governo do Estado prevê um VLT de 23,5 km no Eixo Leste-Oeste ao custo de R$ 1,3 bilhão .

Levando-se em conta que o Eixo-Anhanguera não irá começar do zero, é provável que o custo do BRT neste trecho seja menor, aja visto que o projeto de Goiânia para o BRT no Eixo Norte-Sul,  num trecho de 21,7 km (do Terminal do Cruzeiro até o Recanto dos Bosques) está orçado em R$ 278 milhões, sendo R$ 98 milhões do PAC da Mobilidade e R$ 95 milhões de recursos municipais.

Pingo nos “is” da História

A história não é um governo só. É uma construção permanente. Pedro Ludovico é reconhecido como o governador que construiu Goiânia. Mauro Borges, seu filho, foi o governador que fez a maior rede de saneamento e de linhas telefônicas na capital. Leonino di Ramos Caiado construiu as principais praças esportivas, o Estádio Serra Dourada e o Autódromo de Goiânia (que aliás, o secretário Baldy e outros pretendem privatizar). Iris Rezende foi o governador que fez mais moradias. Henrique Santillo o governante que construiu TODOS os hospitais de referência (HDT, Hugo, Hospital da Criança) e a maioria dos Cais de Goiânia. Maguito Vilela matou a fome dos mais pobres com a cesta básica e deixou um moderno ginásio de esportes no complexo do Serra Dourada. Alcides Rodrigues reformou o Teatro Goiânia, concluiu as obras do Teatro Inacabado, inaugurou o Centro de Educação em Artes Basileu França e ainda homenageou o fundador de Goiânia com a estátua da escultora Neusa Amaral, em frente ao Centro Administrativo. E Marconi Perillo? Com qual epíteto quer ser reconhecido? Como o governador que não deixou Goiânia se industrializar?

Depende dele. A escolha, a assinatura final no documento, é só dele. Não adianta culpar mais ninguém.


Marcus Vinícius é jornalista. Editor do Onze de Maio