Não tem nada ruim que não possa piorar. Esse é o sentimento que reina entre os políticos que, em tese, deveriam exercer o papel de oposição ao governador Marconi Perillo. Públicas ou reservadas, são tantas intrigas e acusações dominando o clima na Assembleia Legislativa que nem mesmo uma solenidade de entrega de medalhas conseguiria amenizá-lo.
Retirada de assinatura em CPI, bate-boca, nomeações e exonerações suspeitas, traição na hora do voto, tudo isso é pouco se comparado ao que rola nos bastidores. Deputados do PMDB e do PT, os partidos mais representativos, jogam um no colo do outro graves acusações de conluio com a base governista. O que tem de dedo apontado para o colega não está no gibi.
O fogo amigo se repete a todo momento: “Deputado X tem cargos no governo”; “Deputado Y recebeu apoio financeiro do Marconi na campanha”; “Deputado W é refém de dossiê que o compromete”; “Deputado Z representa grupo que depende de ações do governo”. Brigam entre si e ignoram o princípio básico de fiscalizar uma administração que está capengando há mais de dois anos.
Diante das cobranças da imprensa e de internautas nas redes sociais, os parlamentares se defendem da maneira como podem. “Cobram muito de nós, mas o Maguito (Vilela) e o (Antônio) Gomide não saem do Palácio e o Iris (Rezende) chegou a fazer acordo na Justiça para não ser processado pelo Marconi”, responde um deles. Como se vê, o imbróglio está do jeito que o diabo gosta.
Esse “pega pra capar” oposicionista só acelera a recuperação da imagem do governador, reconhecido por sua obsessão em espalhar cizânia no quintal adversário. Marconi está colhendo hoje o que plantou na sua eleição em 2010 e nos processos de escolha de Jardel Sebba e Helder Valin para a presidência da Assembleia. Thiago Peixoto e Francisco Júnior, ex-peemedebistas, ficaram com a pecha de traidores, mas não foram os únicos a contar com a solidariedade tucana. Tá tudo dominado, literalmente.
O jogo acabou? A reeleição de Marconi é certa? Muito cedo para afirmar, mas o vento está virando para o seu lado. A apatia e as incertezas da oposição contribuem muito pra isso. Mas o principal adversário a ser batido pelo governador é o sentimento de mudança, algo que é latente no dia a dia. Aí o buraco é mais em baixo!
Rodrigo Czejak é jornalista – @rodrigoczepak