22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 19/05/2022 às 14:49

Óbvio precisa ser dito: 3ª via não decola e eleitor precisa escolher entre Lula ou Bolsonaro

Em uma democracia é importante e indispensável que o cidadão exercite o poder de tomar suas próprias decisões, mas principalmente respeitando quando elas não vão de encontro com o que querem a maioria das pessoas que vivem nesta mesma sociedade. Tem sido assim por pouco mais de duas décadas e deve continuar, porém, neste ano de eleição presidencial, apesar das opções que tem aparecido, apenas duas pessoas aparecem em potencial nessa nuvem causada pela polarização entre a população: Lula (PT) e Bolsonaro (PL).

Isso por que, desde que Bolsonaro foi eleito, nenhum nome político despontou o suficiente para disputar e aparecer junto ao ex e atual presidentes. João Doria (PSDB), Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), Eduardo Leite (PSDB), Felipe D’Ávila (NOVO), Leonardo Péricles (UP), Vera Lúcia (PSTU), Eymael (DC), André Janones (Avante), Luciano Bivar (União Brasil), nenhum destes conseguiu o mínimo que é cativar perto de um terço da população eleitora e aparecer como uma opção.

Nas últimas pesquisas nenhum passa de 10% na intenções de voto. Uma das pesquisas mais recentes divulgadas, por exemplo, da Genial/Quaest e divulgada pela CNN no último dia 11, mostrou no cenário com o maior número de candidatos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à frente, com 46% das intenções de voto no primeiro turno, seguido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), com 29%. Os outros estão assim: Ciro Gomes (PDT), com 7%; João Doria (PSDB) e André Janones (Avante) com 3%; e Simone Tebet (MDB) e Felipe d’Avila (Novo), com 1%. Luciano Bivar (União Brasil) não pontuou. Os que dizem que irão votar em branco, anular ou deixar de votar somam 6%. A proporção dos indecisos é de 3%.

Antes pelo menos algum destes candidatos cativassem, por que parece que o segmento defendido pra cada um está tão longe do que o brasileiro realmente precisa, que fica difícil não dizer o óbvio: o brasileiro precisará escolher, novamente, entre Lula ou Bolsonaro. Doria, por exemplo, deixou de ir a um encontro da cúpula tucana nesta quarta-feira (18), onde, supostamente, seria obrigado a “entregar” a pré-candidatura em uma articulação focada na aliança com o MDB, que tem como pré-candidata a senadora Tebet. Ela, também, está longe de empolgar o eleitorado e mantém um discurso repetitivo como outros concorrentes: combate a corrupção e oposição ao governo atual.

Eduardo Leite, também do PSDB, teve seu “boom” no início do ano quando apareceu como possível candidato, mas já é quase certo que também não firmará a decisão, já que seu partido deve mesmo se unir ao MDB e União Brasil para lançar um só nome. Vale lembrar que o tucano, ex-governador do Rio Grande do Sul, chegou a afirmar em um vídeo divulgado nas redes sociais nesta terça-feira (17), Dia Internacional de Combate à LGBTfobia, que tem “orgulho de ter ajudado a construir, como gestor público, políticas importantes para o combate à LGBTfobia”. O que vai contra o que internautas lembram: de que ele apoio o presidente Jair Bolsonaro, que não fez muito por esse público.

Ainda sobre os pré-candidatos citados, os da esquerda, como Vera Lúcia, que tem uma extensa e admirável história de lutas e militâncias, e Leonardo Péricles, que é mais novo no cenário político, são nomes importantes, mas que não possuem verbas para alçar engajamento e, sem conseguir furar bolhas maiores na internet, coisa importante hoje em dia, acabam num ostracismo que assusta os que buscam conhecer melhor suas ideias. Assusta por que, novamente, perto do que o brasileiro realmente precisa hoje que são coisas básicas como saúde, educação e segurança de qualidade, aliadas a oportunidades de emprego e qualidade de vida, estes candidatos aparecem com ideias, em grande maioria, radicais, e se esquecem da simplicidade do que precisa o eleitor.

Felipe D’Ávila é outro que traz discurso de oposição ao governo atual, o de Bolsonaro, o comparando, diversas vezes com o governo de Lula, mas que é do NOVO, partido que apoiou Bolsonaro e agora procura um posto em seu lugar. Apesar disso, tanto o empresário e cientista social, quando seus colegas de partido, foram contra o Projeto de Lei 2564/20 que cria um piso salarial para enfermeiros, técnicos de enfermagem e parteiras. A proposta foi aprovada por ampla maioria dos parlamentares: 449 votos a favor e somente 12 contra no início do mês.

Por último mas não menos importante, Ciro Gomes, que, de todos os nomes, é, ou foi, o mais próximo de uma terceira via para que o brasileiro tivesse uma opção a mais do que só uma “esquerda e uma direita” que não são nem esquerda nem direita. Apesar disso, como um ser humano que não é perfeito, Ciro se perdeu em contradições e articulações que o colocaram em um lugar que não o alçou para posto nenhum nestes últimos 4 anos.

Mesmo com todos estes pontos, e sabendo da grande chance de, no fim, só haver dois candidatos sabidos para serem votados, é importante que, no primeiro turno, o eleitor dê a chance para o candidato que realmente apresentar propostas que vão de encontro com seus ideais, é assim que a democracia funciona. Mas, uma terceira via, um candidato que supere ou, ao menos chegue perto da popularidade de Lula ou Bolsonaro, isso leva muito tempo e pode nem acontecer, na verdade. Que decide, afinal, é o eleitor, quando ele realmente entender o poder que possui. O primeiro turno acontece no primeiro domingo de outubro, dia 2, daqui há quatro meses e meio.

Nathan é jornalista formado pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)

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