Segundo levantamento da OAB-GO, Goiás tem hoje 28.232 advogados inscritos. Destes, 20.328 têm até 20 anos de inscrição. Toda a última geração da advocacia, ou 72% do total, não viu outra administração da Ordem a não ser o grupo OAB Forte. Se se considerar todo o tempo em que os líderes da Forte estão no poder, ou seja, 30 anos, chegamos ao impressionante universo de 25.595 advogados inscritos nas últimas três décadas. Ou 90% da advocacia.
Os números, no entanto, são apenas traços imprecisos do sentimento que paira na advocacia goiana às vésperas das eleições, marcadas para esta sexta-feira (27). O anseio pela mudança prevalece, movido sobretudo pela necessidade que esta última geração de advogados, que representa a maioria dos inscritos, tem de finalmente assumir o papel de protagonista.
É evidente que grandes conquistas foram alcançadas durante todo esse tempo de comando de um único grupo, mas é preciso abrir espaço para as novas gerações. São os jovens que hoje buscam pautar a agenda política em todo o Brasil e estão abalando profundamente os alicerces do poder que solapa o bem público nacional.
Essa veia de mudança protagonizada pela juventude nos quatro cantos do País não poderia deixar de estar presente na advocacia goiana. São três décadas em que essa geração foi alijada das cadeiras de destaque nos quadros da OAB-GO. Nunca foi alçada à condição de protagonista nas instâncias decisórias e agora manifesta sua vontade pela mudança.
A opção pelo projeto OAB Que Queremos tomou as ruas dos quatro cantos da cidade e é resultado desse anseio. É importante ressaltar que não se trata de uma alternância vazia.
Ainda que a mudança por si só seja legítima e salutar quando existem demandas represadas, o projeto liderado por Lúcio Flávio Paiva apresenta propostas sólidas para a valorização dos advogados e o resgate da advocacia combativa de Sobral Pinto, Evaristo de Morais, Raymundo Faoro e tantos outros grandes nomes que há muito se perdeu.
Esse esvaziamento das pautas de defesa efusiva da democracia, dos direitos fundamentais e do protagonismo social do advogado é visto por toda a sociedade e se reflete nos corredores dos fóruns. Dizer que temos a envergadura desses grandes nomes da advocacia cuja aura se perpetua seria no mínimo presunção, mas, na ausência deles, deixar de nos inspirar em seu legado, como ocorre nos últimos tempos, é uma catastrófica omissão.
Mudança com resultados efetivos protagonizado pela mais recente geração da advocacia e resgate da advocacia combativa. Essa é a OAB que queremos.
Rodrigo Lustosa é advogado criminal e mestre em Direitos Humanos pela UFG.