Hoje, Dia da Educação, celebramos os educadores que resistem, a esperança nos alunos que estão em processo de aprendizado e as escolas que se mantém de pé. O descaso da prefeitura de Goiânia e do governo de Goiás para com os profissionais da educação vem sendo escancarado, e como diria Darcy Ribeiro: “a crise da educação no Brasil não é uma crise, é um projeto”.
Existem problemas muito sérios na educação, principalmente nos bairros periféricos: a falta de vagas em CMEI´s, a falta de um mapeamento direcionado para o fim do analfabetismo, os muitos alunos do fundamental que não aprenderam a ler neste período de pandemia e sofrem com o atraso, a falta da promoção de cursos profissionalizantes, o enfraquecimento do EJA, que é diretamente afetado pela falta de concurso público etc.
No âmbito estadual assistimos o governador Ronaldo Caiado tentando maquiar a situação, com mais de 150 escolas em Goiás sendo integralizadas, mas sem planejamento e sem profissionais suficientes para garantir atividades durantes os dois turnos. Da mesma forma em que investiu na informatização, com a distribuição de chromebooks, mas não forneceu ainda a infraestrutura necessária para utilização em sala de aula, além de não haver nas escolas servidores na área de T.I. para aprendizagem e suporte dos equipamentos. Caiado também conseguiu aprovar uma reforma da previdência em que os professores perderam o quinquênio, licença prêmio, e o desconto previdenciário para aqueles que já aposentaram etc. O sindicato recorreu com ação de inconstitucionalidade no TJGO, mas a ação foi embargada pelo presidente do STF Dias Toffoli.
Outro ponto é o déficit de concurso público a nível estadual, a cada dia novos estudantes dispostos se formam em licenciaturas, mas sem perspectiva de uma carreira como servidor. O Observatório do Estado Social Brasileiro, projeto idealizado pelo professor Tadeu Arrais (UFG), tem feito um estudo da importância da realização de concursos públicos para a educação de Goiás. Dados demonstram com clareza: em 2011 a categoria dos concursados efetivos correspondia a 21.268 servidores, já em 2021 esse número foi reduzido para 10.027. O último edital ocorrido em 2018 previa 900 vagas para 10 mil inscritos, sem vagas para todas as áreas, o que é insuficiente para a categoria. Os seguidos processos seletivos do estado exigiam grau de experiência que dificilmente recém formados possuiriam, o que desmotiva aqueles que estão tentando a carreira.
No ensino privado em Goiás a situação também é de precariedade, com a falta de aumento salarial nas instituições de ensino superior privado (desde 2019). Essas instituições privadas de ensino básico e superior não pagam um salário justo para uma carga de trabalho que vai além do ambiente escolar, mas abrange correção de provas, elaboração de aulas e atividades em casa. Não é fornecido planos de saúde, auxílio para o transporte, vale refeição e muitas escolas não oferecem lanche ou ao menos um café. Os professores do ensino privado também sofreram com o movimento “escola sem partido”, que apesar de não aprovada como lei, se expressa diariamente na censura que professores de ciências humanas sofrem ao ministrar qualquer conteúdo em sala de aula que conteste “fake news” ou conteúdo anticientífico.
A escola apesar de todas as dificuldades é um espaço que fornece oportunidades para que as crianças e os adolescentes obtenham conhecimento. Precisamos valorizar os profissionais da educação que hoje sofrem com adoecimento mental, para isso é necessário que o governo cumpra com o básico e atue em conjunto com a sociedade para melhorarmos, cada dia mais, a perspectiva de vida do nosso povo. O auxílio para entrada ao mercado de trabalho deve estar associado ao desenvolvimento de um pensamento crítico e científico, combinado com uma formação profissionalizante. E é aqui que reside a importância de construirmos um projeto de educação atrelado aos nossos interesses nacionais.
Candidato à prefeitura de Goiânia em 2020, trabalhador de Tecnologia da Informação e filiado ao PT