Antônio Almeida era um sonhador. Sim, claro, sonhou desde quando em 1983, comprou uma alquebrada “máquina de imprimir” e se pôs a atuar no segmento gráfico, algo que membros de sua família já faziam.
E foi em 1983 que, provocado pelo irmão Waldeci, publicou de maneira semi-artesanal o primeiro livro, de autoria do poeta Ademir Hamu, intitulada “Travessia de gente grande”. Detalhe: os exemplares foram entregues minutos antes do início do coquetel de lançamento. Mas, foram entregues a tempo.
Os anos 1980 foram difíceis, ainda que esperançosos, sob diversos aspectos. O país passava por intensas mudanças na política, a economia era turbulenta e incerta, mas Antônio e os irmãos não sabiam dizer “não” a quem os procurava. Com isso, ganharam fama de barateiros e facilitadores e foram angariando clientela. Gente com dinheiro ou sem dinheiro era bem recebida e acabava-se encontrando um denominador comum.
Capas de discos – Marcos Antonini que o diga -, cartazes para shows, passaram a ser confeccionados.
Naqueles tempos difíceis, publicar um livro, somente fora de Goiás. Os escritores de Goiás, já conhecidos, ou os que pretendiam se aventurar pelos caminhos da literatura estavam órfãos. Se quisessem, fossem buscar em outros centros.
Antônio Almeida deu luz, deu voz, deu letras para que poetas, contistas, pesquisadores, cronistas, romancistas se expressassem. Permitiu que talentos se revelassem na literatura, e fomentou dessa forma o setor cultural no estado de Goiás, no Centro-Oeste, atingindo outros estados, dado o elevado grau de qualidade que alcançou.
Antônio Almeida, Antônio Kelps, Antônio simplesmente.
Cada página saída do coração dos autores, passavam por suas máquinas e juntadas, eram transformadas em livros que traziam mensagens de amor, de esperança, de conforto, de luz espiritual, de contestação, de posicionamento político, de suavidade, de dor, de ternura… Traziam em seu conteúdo sonhos.
Construiu com livros sua Pirâmide… Quis o destino que começasse Pirâmide, idealizasse Quéops e que se tornasse Kelps… Kelps, afinal, é única no mundo. Não há outra Kelps.
A pirâmide Kelps foi construída com dificuldade, algo que se imagina que tenha sido comum às pirâmides. Mas construída em bases sólidas, reconhecidas pelo setor cultural, por escritores contumazes, eventuais ou dedicados.
Kelps é a pirâmide mais sólida da cultura de Goiás. Inabalável. E levará sempre dentro de si o nome, a lembrança, a coragem, a força e o empreendedorismo de um sonhador, de nome Antônio.
Um sonhador que pela sua tenacidade, tornou realidade os sonhos de tantos e construiu com milhares de livros a pirâmide da sabedoria. Pirâmide Kelps. Antônio Kelps.
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(*)Paulo Rolim – Escritor, Jornalista e Produtor Cênico