O conflito bélico entre a Rússia e a Ucrânia tem uma finalidade: a manutenção do poder russo, sobre o país que integrou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, já extinta, cujo controle ficava a cargo de antecessores de Vladimir Putin. Um ser humano frio como qualquer um ditador, que não respeita a autonomia dos países e muito menos vidas, uma vez que, seus comandados não se limitaram a atacar bases militares, mas também condomínios de famílias ceifando a vida de crianças.
O desejo da Ucrânia de integrar a OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte, composta por 30 países, tem incomodado o Kremlin. A organização em tela tem o comando dos Estados Unidos, razão da preocupação russa, de perdê-la, fato que ocorreu com outras repúblicas tais como: Eslovênia, Croácia, Estônia, Eslováquia, Romênia e República Tcheca. A invasão russa tem desdobramentos na política, economia e também na relação entre vários países, inclusive com o Brasil. No campo econômico o preço da guerra tende a ser alto uma vez que a Rússia é um grande produtor de gás natural, petróleo e a Ucrânia, de fertilizantes.
As duas commodities, afetam diretamente o mercado mundial e também o Brasil, de modo especial Goiás, devido a força do agronegócio, que representa 25% do PIB do Estado de Goiás e 75% de suas exportações. A alta dos preços dos derivados do petróleo alcançando US$ 100 dólares, vai impactar nos preços dos combustíveis, nos países dependentes, puxando os preços dos produtos ainda mais para cima. No momento o Brasil, convive com o aumento dos derivados do petróleo e com o dólar em queda, situação que pode equilibrar a Balança Comercial, no curto prazo.
No entanto, o clima é de apreensão, uma vez que não se sabe o comportamento da China, segunda economia mundial e que pode pender nesse conflito pelo lado da Rússia. Se isso ocorrer, o resultado da Balança Comercial poderá ser negativo, devido às sanções econômicas que vêm sendo realizadas pelos países do Ocidente. Não menos traumático pode vir a ser um possível calote, da Ucrânia, a credores internacionais o que sem dúvida traria uma crise no crédito, afetando a economia mundial.
A possibilidade de um calote, trará insegurança aos investidores, em contra partida realizarão lucros/e ou prejuízos, comprarão dólares e aplicarão em mercados mais seguros, uma opção são os títulos do Federal Reserv Americano, pois nunca deixaram de cumprir com suas obrigações perante a credores.
O cenário é preocupante principalmente se o conflito se estender por muito tempo. No Brasil tende a agravar a inflação de custos, vivenciada desde o início da Pandemia e que o Banco Central, não está conseguindo controlar, pois atua de forma equivocada no seu combate. Tem elevado a Taxa Selic, sem sucesso, já que esta tem efeitos sobre a inflação de demanda e não de custos. A de custos só será revertida se houver equilíbrio fiscal, do contrário a tendência é continuar se elevando, e com isso derrubando o poder aquisitivo dos cidadãos brasileiros. Eis aí os impactos da guerra sobre a economia brasileira.
Julio Paschoal é economista, mestre e professor de Economia