O aspartame, um adoçante artificial utilizado em diversos alimentos e bebidas dietéticas há décadas, tem sido objeto de contínuo interesse e discussão na comunidade médica. De fato, sua doçura, cerca de 200 vezes maior que a do açúcar, sem adição de calorias, o tornou um substituto popular para indivíduos em busca de alternativas de baixa caloria. Entretanto, em meio a essa popularidade, levantamentos de riscos associados ao seu consumo têm sido objeto de estudos científicos recentes.
Embora o aspartame tenha sido previamente considerado seguro para consumo nos anos 80, novas pesquisas levantaram questões pertinentes sobre potenciais riscos à saúde humana. Alguns estudos sugerem que o aspartame pode estar associado a uma série de problemas, incluindo possíveis riscos de câncer, problemas de memória e depressão. No entanto, é importante ressaltar que outros estudos não encontraram nenhuma associação conclusiva entre o consumo deste adoçante e o câncer.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Comitê Conjunto de Especialistas em Aditivos Alimentares da Organização para Agricultura e Alimentação (FAO) (JECFA) classificaram o aspartame como possivelmente carcinogênico para humanos que ingerem diariamente mais de 40 mg/kg de peso corporal. Essa classificação reflete a necessidade de cautela e de pesquisa adicional sobre o impacto deste composto na saúde humana.
Ademais, o aspartame pode desencadear reações adversas em alguns indivíduos, incluindo dores de cabeça, tonturas, náuseas e vômitos, especialmente quando consumido em excesso. Em casos raros, reações alérgicas graves, como anafilaxia, foram relatadas. Esses eventos adversos reforçam a importância de considerar individualmente a tolerância e sensibilidade dos pacientes em relação a este edulcorante.
Felizmente, existem alternativas naturais que podem ser consideradas como opções mais seguras para consumo, tais como a stevia, o xilitol e o eritritol. Esses adoçantes têm ganhado popularidade, pois são derivados de fontes naturais e, quando consumidos dentro das recomendações estabelecidas, podem ser uma opção viável para aqueles que desejam reduzir o consumo de açúcar e adoçantes artificiais.
Para evitar o aspartame, é essencial ler atentamente os rótulos dos alimentos e bebidas. Ele é listado como E951 nos rótulos dos alimentos, permitindo que os pacientes identifiquem sua presença nos produtos. Além disso, é recomendado que os profissionais de saúde orientem seus pacientes a limitar o consumo de alimentos e bebidas dietéticas, uma vez que a maioria desses produtos utiliza o aspartame em suas formulações. Incentivar o uso consciente e moderado dos adoçantes naturais mencionados pode ser uma estratégia relevante para uma abordagem nutricional mais saudável.
À medida que avançamos na compreensão científica, a busca por alternativas naturais e a leitura atenta dos rótulos dos alimentos são medidas prudentes para uma dieta mais saudável. Como sociedade devemos continuar a apoiar pesquisas de qualidade e a divulgar informações baseadas em evidências para que todos possam fazer escolhas informadas em relação a sua saúde e bem estar. A responsabilidade compartilhada entre profissionais de saúde, autoridades reguladoras e consumidores é essencial para garantir um futuro de alimentação consciente e saudável.
José Israel Sánchez Robles é médico intensivista e nutrólogo