O Dr. Sebastião Ferreira Leite, o Juruna, é daqueles advogados que são “quase” jornalistas. Digo “quase” porque ele está sempre rodeado de um grupo de repórteres, colunistas e analistas políticos. Gosta de escrever, sugerir pauta aos jornais e sempre tem opinião formada sobre determinados temas, cita os artigos, os números da lei, autores e filósofos e, é claro, sempre faz uma piadinha.
Pois foi numa dessas piadinhas que o nobre advogado escorregou. Na hora errada e com a pessoa errada. Juruna não é advogado de Delúbio Soares na Ação Penal 470 (Mensalão), mas o acompanhava na votação de domingo, como amigo e antigo companheiro de luta.
Dr. Juruna se esqueceu que não estava numa roda de amigos e fez uma brincadeira com um jornalista. Entre risadas e conversas informais soltou a pérola: “Jornalista bom é jornalista morto.”
Todos riram na hora. Só na hora, porque depois a declaração virou matéria na Folha e teve ampla repercussão nas redes sociais e na imprensa local: “Advogado de Delúbio diz que jornalista bom é jornalista morto”.
Membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), nosso advogado pensou estar imune à sede da mídia em publicar declarações polêmicas. Também digo “nosso” porque Sebastião é um dos maiores defensores de jornalistas processados por políticos no Estado de Goiás.
É lógico que o jornalista da Folha não conhece o seu histórico e mesmo se conhecesse, que jornalista perderia a oportunidade de levar pra redação uma frase polêmica num momento tão delicado?
Para quem não conhece Sebastião Ferreira Leite vai ficar com a impressão de que ele atacou violentamente a instituição imprensa e o profissional repórter. Não é verdade, mas o jornalista está correto e fez o seu trabalho. A frase foi dita.
Já o nosso amigo advogado incorreu em erro básico no relacionamento com a imprensa. Fontes e porta-vozes não podem dizer frases de efeito que não querem ver publicadas. Uma prova é que ninguém esquece as frases “Relaxa e goza”, de Marta Suplicy, e o “Cachorro também é gente”, de Rogério Magri, ambos ministros na ocasião.
Principalmente agora, na era da mídia instantânea, o que se diz está dito. Não tem volta. Por isso, cada vez mais as pessoas estão se preparando para falar em público ou conceder entrevistas.
As regras do bom relacionamento com a imprensa incluem também nunca pedir para ver uma reportagem antes de ser publicada e sempre ser elegante com os jornalistas. Mesmo se considerar a pergunta ofensiva siga a máxima de que o problema está na resposta e não na pergunta.
O advogado Juruna é experiente na área jornalística e talvez por isso se sentiu em casa. Então, nunca se sinta em casa entre jornalistas. Eles estão sempre a serviço da notícia e da audiência. Está no sangue. Esteja sempre alerta e também sempre que puder faça mídia training.