22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 09/03/2023 às 19:10

Mulheres vivas, viva as mulheres

Neste 8 de março, os movimentos feministas fizeram em Goiás manifestações em diversas cidades de todo o Estado. Já com uma longa história e tradição de luta no 8M, seguimos  organizando nossas pautas com mulheres do campo e da cidade, sobretudo com mulheres trabalhadoras, mulheres do lar, trans, jovens, pretas e indígenas. Mas, sobretudo, com mulheres vivas.

Nos últimos 4 anos, de um governo declaradamente anti-mulher, o feminicídio aumentou 120%, para não dizer das violências domésticas não registradas. Basta lembrarmos o caso extremo do assassinato da vereadora carioca Marielle Franco em 14 de março de 2018, para percebermos que em nosso país nós mulheres somos impedidas de exercer a vida pública e política sob a ameaça de perdermos nossas vidas. Um crime ainda sem solução e prestes a completar 5 anos. Lembremos ainda que a única mulher que ocupou o mais alto cargo político do país, a Presidência da República, foi impedida de concluir seu mandato em julgamento misógino e político.

Uma projeção da ONU Mulheres que saiu esta semana diz que a igualdade de gênero entre homens e mulheres deverá levar ainda 300 anos para se realizar em todo o mundo. É aberrante e inaceitável pensar nessa projeção. E o Brasil está muito atrás em comparação com o resto do mundo. Nossa Câmara Federal, por exemplo, hoje conta com 17% das cadeiras ocupadas por mulheres, enquanto no mundo essa taxa é de 26%. Estamos 30 anos atrasados em relação aos cargos legislativos na Europa, por exemplo.

De modo que a primeiríssima pauta que gritamos nas ruas nesse 8M é pela vida das mulheres, pelo fim do feminicídio em nossa sociedade e pela punição definitiva dos agressores. Com vida, com mulheres vivas, é que lutamos por nossos direitos, pela paridade política real nos cargos públicos, pela paridade nos cargos privados, por equiparação salarial aos homens e pelo respeito aos nossos corpos e à nossa dignidade.

Foi com essa perspectiva que organizamos nesse 8M a marcha “Mulheres Vivas Mudam o Mundo” em Goiânia, Jataí, Anápolis e Valparaíso de Goiás, conclamando as mulheres de Goiás para atuar na construção das alternativas de combate às opressões e violências contra as mulheres, sobretudo as violências contra as mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, mulheres pretas, mulheres periferizadas, mulheres indígenas, mulheres quilombolas, mulheres LGBTQIA+, mulheres rurais assalariadas, mulheres sem terra e mulheres sem teto. Vivas seguiremos e vivas transformaremos a realidade do Brasil e do mundo. Viva a luta feminista!

Cíntia Dias é socióloga, feminista e presidente do PSOL Goiás

A opinião deste artigo não necessariamente reflete o pensamento do jornal.