10 de janeiro de 2025
Opinião
Publicado em • atualizado em 13/02/2022 às 00:33

Manutenção predial na quarentena

Paulo Ricardo Condemarin, engenheiro (foto divulgação)
Paulo Ricardo Condemarin, engenheiro (foto divulgação)

Paulo Ricardo A. Condemarin de Moraes, Engenheiro


Com o alastramento da pandemia provocada pela Covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou a todos que evitassem contato pessoal, evitando especialmente os locais que promovam aglomerações de pessoas. Com isso, os governos locais têm definido regras de isolamento social, com determinação de fechamento de atividades comerciais e de prestação de serviços considerados não essenciais.

Com o retorno às suas casas, os proprietários e administradores passaram a reparar mais nos ambientes que os rodeiam, especialmente nos edifícios residenciais onde há maior concentração de pessoas neste momento e, por consequência, os desgastes em sua estrutura foram mais observados.

Trincas em paredes, funcionamento de equipamentos, infiltrações, dentre outros pequenos detalhes que antes passavam desapercebidos pela rotina acelerada, agora atraem os olhares dos moradores e acabam por revelar uma preocupação que deve permear a vida não só dos síndicos, mas de todos os condôminos: a manutenção predial.

Não se trata de recuperar canos estourados, pinturas desgastadas ou realizar limpeza periódica, a manutenção predial é muito mais que isso. Tal como as pessoas fazem exames periódicos regulares para verificar seus estados de saúde, a edificação também deve passar por inspeções periódicas, que resultam em um plano de manutenção predial, visando justamente aferir quais manifestações patológicas devem ser tratadas com prioridade.

Como uma pequena mancha na pele pode indicar o início de uma doença grave, aquele pequeno trincado na parede pode igualmente representar um agente de degradação que reduz a vida útil da edificação se negligenciado, e seu tratamento pode ser de alto custo e gerar transtornos para todos os que vivem naquele prédio.

Do mesmo modo que o corpo humano possui sua estrutura óssea para se manter em pé e sistemas circulatórios, o edifício se assemelha com seu sistema estrutural e seus ramais hidrossanitários. Se há alguma anomalia em seu funcionamento, deve ser diagnosticados por especialistas que vão optar pelo melhor momento para entrar com a medicação. Não adianta apenas remediar ou automedicar um grave problema, deve ser estudada sua causa e, assim entrar com a intervenção correta.

A manutenção predial preventiva, ou seja, aquela que atua antecipadamente para que não haja a intervenção corretiva, é sem dúvidas menos dispendiosa e traz menos transtornos aos moradores que, aliada ao check-up regular da edificação (inspeções), ajudam a manter o desempenho e funcionamento ao longo da vida útil, pois na construção civil vale o mesmo preceito que na saúde humana: antes prevenir do que remediar.


Paulo Ricardo A. Condemarin de Moraes — Engenheiro Civil, Especialista em Projeto de estrutura de concreto pela UFG. Consultor na área de Patologia das Construções e Diretor técnico das empresas Cymaco Engenharia e PRC Engenharia Perícias e avaliações.