Sempre considerei precipitada e intempestiva qualquer atitude que visa antecipar o debate político partidário em anos pré-eleitorais. E na esteira deste entendimento louvo a decisão das lideranças partidárias que, sem embargo de sua justa preocupação com este assunto contagiante, cautelosa e sabiamente se posicionaram contrárias a intempestiva deflagração do debate eleitoral e de consequência à antecipação de nomes de eventuais concorrentes ao próximo pleito.
O livro de Eclesiastes registra em seu terceiro capítulo um importante e inusitado pensamento do rei Salomão, o homem mais sábio da antiguidade, vazado nos seguintes termos: “há tempo para todo propósito debaixo do Céu.” Sem a ostentação vazia do culto aparente e exagerada preocupação com o rótulo religioso, ouso afirmar que sempre me considerei um adepto fervoro da fé cristã e do sentimento de religiosidade que permeia entre os homens de mulheres de bem. As minhas convicções pessoais de fé sempre me fizeram crer que a política é a arte de bem servir a todos. Daí porque em todos os governos sobre minha responsabilidade sempre agreguei adeptos de todas as religiões.
Sem deslustrar a bela e mundialmente conhecida mensagem poética do grande sábio da antiguidade, me permito relembrar e percorrer convosco o caminho de luz legado à humanidade por sua imensa sabedoria.
“Há tempo de nascer.” É o glorioso tempo de surgir, de vir a lume, de iniciar a longa caminhada que sempre começa pelo primeiro passo.
“Tempo de morrer,” é o tempo do findar, de fenecer, de deixar para traz as sombras da ignorância e de recomeçar, de recobrar o ânimo e de avançar com serena coragem e determinação em busca de novos caminhos.
“Tempo de plantar,” a semente da esperança no coração do povo aparecidense e procurar fazê-lo feliz, com o fruto generoso do incessante trabalho que com a sua indispensável parceria, me propus realizar.
“Tempo de arrancar” a erva daninha que ainda teima em germinar e crescer no solo fértil do coração do povo. É tempo de extirpar o orgulho e a vaidade e banir definitivamente o egoísmo da face da terra.
“Tempo de edificar,” a paz que em estando dentro de nós emerge resplandecente da intimidade do ser e florescendo vem a lume contagiando os que nos circundam até atingir o coração de toda a humanidade.
“Tempo de curar,” as feridas e balsamizar as chagas que atormentam o próximo a quem devemos amar como a nós mesmos.
“Tempo de espalhar,” as pedras da compreensão, da concórdia, do entendimento, do diálogo franco e aberto, do respeito às diferenças, da ternura, da fraternidade e da paz.
“É tempo de ajuntar,” de recolher e destruir as pedras do crak espalhadas pelos quatro cantos do planeta dizimando a juventude e destruindo famílias inteiras e infelicitando a humanidade. É tempo de conjugar esforços e buscar solução imediata para esta contagiante epidemia, estabelecendo campanhas esclarecedoras, sérias e responsáveis de prevenção e combate visando à cura deste terrível mal, desta besta apocalíptica que hoje esparzi a desesperança por toda parte.
“Tempo de guardar,” no seio da nossa interioridade a semente generosa do bem que há de germinar, florescer e transformar-se em árvore robusta e frondosa, pronta para abrigar desvalidos corações.
“Tempo de amar,” incondicionalmente ao Criador sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, conforme preceituam os dois primeiros e maiores mandamentos da Lei.
Sem me deixar contaminar acompanho com naturalidade, zelo, respeito e atenção, a crescente movimentação política em torno das possíveis candidaturas para as próximas eleições. Estribado na legislação eleitoral e por convicções pessoais hei por bem acatar a abalizada opinião de outras lideranças e também julgar extemporâneo o lançamento antecipado de qualquer candidatura ao próximo pleito eleitoral. Aos companheiros que compartilham comigo da abençoada e prazerosa tarefa de gerir os destinos administrativos do município de Aparecida de Goiânia, fiz ver que o nosso é o momento de trabalhar.
O frenético ritmo do lançar e inaugurar obras todos os dias pelos quatro campos da cidade comprova estreme de dúvidas que em nenhum instante me descurei de meus compromissos como gestor público do município. O foco principal das minhas preocupações atuais é cuidar de Aparecida e eu jamais poderia priorizar as atividades políticas próprias do ano eleitoral. Se “Deus pede estrita conta do meu tempo”, o tempo agora é trabalhar e servir. O diálogo franco e produtivo das ideias, as alianças e composições partidárias, o momento de escolher candidatos, lançar candidaturas, fazer política partidária, disputar e vencer as eleições, é o tempo que a de vir no próximo ano.
Para atender o clamor ético de minhas próprias convicções pessoais neste momento não posso, não devo, não desejo, não quero e não tenho tempo para me envolver com as questões políticas eleitorais que permeia o cenário desenhado nos bastidores da antevéspera do próximo pleito eleitoral.
O tempo é o senhor absoluto da razão e vem em socorro dos dirigentes partidários que estribados na lei e no bom senso convencionaram abrir o debate sucessório e apresentar nomes somente no momento normativamente aprazado. Louvo a democrática atitude da direção regional e das lideranças do meu partido que abriu espaço oferecendo aos companheiros interessados oportunidade de trabalhar internamente seus projetos eleitorais, sem definir nomes.
O meu é o tempo de continuar trabalhando com todo vigor para consolidar as conquistas aneladas pelo generoso e hospitaleiro povo de Aparecida de Goiânia, com o qual tenho compromissos diretos, inadiáveis e intransferíveis. Por derradeiro e sem precipitação ouso repetir aqui o que veementemente já afirmei reiteradas vezes: No momento certo e na hora aprazada o povo, soberano timoneiro do processo político eleitoral mostrará o melhor caminho a seguir. Sábio, altaneiro e intimorato ele indicará o momento de exato de inaugurar o debate político, de fazer alianças, de escolher o nome daquele que será o melhor candidato para disputar e vencer as eleições. Porque engrossar as fileiras dos apressadinhos se o meu dever agora é trabalhar e servir ao meu povo?
Sempre soube respeitar as opinião, as preferências, as opções partidárias e até mesmo as intrigas e trocas de farpas entre companheiros e adversários. Nelas não me envolverei. Recomendo, todavia, muita cautela, respeito mútuo, serenidade e equilíbrio diante de toda e qualquer situação. De minha parte reservo o direito de falar e agir na hora certa. Não serei omisso e nem emitirei precipitado e intempestivo juízo de valor sobre futuras decisões. Agora é tempo de aguardar o tempo com a esperança do povo que deseja um bom tempo de prosperidade e muita paz.
MAGUITO VILELA
Ex-Governador e Prefeito de Aparecida de Goiânia.
Publicado originalmente no Diário da Manhã (04/09/13)
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