O Jornalismo tem uma dura missão, tornar-se um caminho seguro para quem busca informação, pois, a confiança no comunicador, seja ele qual veículo for é indispensável. Mas infelizmente há certa dificuldade de se estabelecer um grau de relacionamento que extrapole determinados limites, às vezes muito restrito.
Os jornalões a cada dia se mostram mais comuns, com informações reprisadas, quando não trazendo os mesmos argumentos em palavras diferentes. Muda uma foto aqui, uma legenda acolá, mas o tempero continua o mesmo. A impressão é que há uma só pessoa para dizer as mesmas coisas. Existe um contrato entre diversos órgãos de imprensa para noticiar as coisas.
O pior mesmo é perceber que alguns comentaristas que se consagraram pelo direito (não do público) para escrever em determinados espaços, argumentam a partir de determinados pontos de vista, que nem eles mesmos concordam, como se estivessem seguindo uma cartilha. Outro dia um jornalista, numa roda de amigos, sem pensar confessou: “aquela jornalista se arrisca muito, é muito corajosa”. No final a advertência: vai perder o emprego por estar mudando o cardápio.
Alguém pode pensar que se trata de jornais regionais que seguem a cartilha, mas a coisa é mais encima. A leitura destes jornais vai se tornando uma espécie de agenda, da qual devemos conhecer; pelo qual pagamos, sem alternativa, ainda.
A explosão desta condição de refém pode significar o crescimento do jornalismo, a democracia, as múltiplas vozes, o que vem se configurando uma realidade. Mas não devemos ser inocentes; haverá muito tempo para o roteiro consagrado e legítimado pelo comércio de notícia, em favor de um único sistema, o econômico. Em nome do qual se abrem as portas e a voz de profissionais de lugares diversos. Uma realidade quase real, legitimada.
Antonio S. Silva é jornalista é mestre pela PUC/SP,
doutorando pela UnB e professor da FASAM e PUC/GO.