Por Kleber França
No caminho do equilíbrio financeiro e na iminência de indicação de um servidor para dirigir o IPASGO, é necessário refletir sobre a qualidade do atendimento no instituto. E, também, avaliar que a dependência política da instituição é um problema que precisa ser atacado.
Estamos falando de um gigante da saúde que durante muitos anos foi uns dos responsáveis pela cobiça no ingresso no serviço publico estadual.Foi-se o tempo que, nós usuários do IPASGO, tínhamos “status” junto à rede credenciada nos procedimentos de saúde.
O que aconteceu? Por que a demora em conseguir uma consulta? Por que a “Marca IPASGO” não usufrui de prestígio e valor bilionário no mercado como seus concorrentes? E por que um plano de saúde com quase 700 mil usuários e com faturamento anual que ultrapassa a casa dos R$ 700 milhões perde a força de sua imagem?
Usuário, você já parou para pensar que quando os prestadores fazem uma greve, o Ipasgo faz caixa? Sim. Por que você continua contribuindo e, se não há serviços prestados, nada há o que pagar.
Em um jornal diário, lí duas notas de agradecimento de hospitais ao Ipasgo e a seu atual presidente. Que absurdo é este e qual o por quê? Que tipo de relação é esta que depende de notas pagas em jornais?
Hospitais, laboratórios, profissionais da saúde são prestadores de serviço contratados pelo Instituto e, consequentemente, a relação entre ambos deve ser a melhor possível, mas na esfera profissional. O Ipasgo tem por obrigação honrar seus compromissos financeiros com seus prestadores de serviço, mas seu foco administrativo tem que ser na qualidade dos serviços prestados aos seus usuários e na sua satisfação.
E quando falo de satisfação não me refiro apenas em estar ou não atendendo. Mas, sim, na excelência de seu atendimento, como tentar fazer seus concorrentes.
Temos outros fatos a considerar.
Hoje um dos maiores problemas do IPASGO é justamente a falta de credibilidade, da qual depende a estabilidade financeira e gerencial de toda empresa e, principalmente, em se tratando de plano de saúde.
Historicamente, administrado por meio de indicações políticas, o IPASGO nunca teve autonomia administrativa e, por ser de natureza autárquica, depende da Assembleia Legislativa de Goiás para qualquer alteração normativa. Ou seja, são os deputados que aprovam ou não as iniciativas administrativas do presidente do Ipasgo. Resumindo, se o governador não quiser, nada feito. Para piorar esta condição, o atual governo extinguiu o conselho deliberativo que, é órgão fundamental na gestão do instituto.
Portanto, sua administração deve ser feita de forma técnica, seu conselho novamente reestabelecido e com composição comprometida com a qualidade de seus serviços e focado primeiramente no servidor publico. O ideal é que o Ipasgo seja transformado em uma fundação pública de direito privado, forma esta que realmente permitirá a autonomia administrativa. A autonomia financeira foi conquistada em 2006 quando o valor descontado dos servidores passou a ir diretamente para a conta do instituto.
O Ipasgo necessita, urgentemente, de um sistema de informação mais eficiente que permita agilidade nas decisões, com maior interação com seus usuários e menor dependência do estado. Essa interação é fundamental para permitir inclusive a oferta de outros produtos alem dos tradicionais básico e especial.
Como toda empresa, é preciso novamente promover o nome e a credibilidade do Ipasgo.
Por fim, o ponto mais importante é que os servidores públicos busquem mais esclarecimentos e participem da gestão do Ipasgo apesar das entidades classistas indicarem, quando é o caso, seus representantes. Se não houver o acompanhamento dos usuários, inclusive atestando a legitimidade das indicações, muito pouco ou nada mudará.
Kleber França Pereira é servidor publico estadual desde janeiro de 1980, é administrador de empresas especialista em controle da administração pública. Ex-presidente do Sindicato dos Servidores do TCE-G0(2001 a 2008). Ex-cordenador do Forum dos serviços e servidores públicos, de 2005 a 2008. Membro do Conselho Estadual da Previdência por dois mandatos.
@kleberfranca44