02 de setembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 21/04/2022 às 10:15

Grito, Vaca e Noise: festivais voltam a diversificar música goianiense 

(Foto: Divulgação/Vaca Amarela)
(Foto: Divulgação/Vaca Amarela)

Das modas de viola às guitarras amplificadas, vemos o caminho percorrido pela cena musical da cidade de Goiânia, que é reconhecida nacionalmente como a principal exportadora da música sertaneja, podendo ser considerada o principal esteio dessa tradição musical. No dia 14 de março deste ano, inclusive, a capital recebeu o título de Capital Nacional da Música Sertaneja da Câmara Municipal. Mas, para além disso, a cidade também é conhecida por ser um celeiro do rock alternativo, tendo recebido a alcunha de a “Seattle brasileira”, em referência à cidade estadunidense que lançou ao mundo nomes como Pearl Jam, Soundgarden, Alice in Chains e Foo Fighters.

O cenário goianiense floresce em meio a contradição de representações entre a tradição sertaneja e a modernidade, enquanto o sertanejo passou das referências da vida no campo para a vida do sertanejo na cidade, o rock alternativo circula mais em uma juventude que não tem tanto contato ou referência na vida do sertanejo. Outra característica diferenciadora é que, enquanto o sertanejo é majoritariamente ligado ao agro e ao conservadorismo, o rock goianiense é mais ligado às pautas populares e mais progressista. Nesse sentido, os festivais de música alternativa da cidade demonstram a força de uma contra-cultura que se organiza paralelamente à grande indústria cultural do sertanejo.

A cidade de Goiânia respira música e entre os festivais podemos citar o Festival Bananada e o Vaca Amarela, que somam às bandas de rock artistas de gêneros como pop, funk e hip-hop. Podemos citar também o Grito Rock e, claro, o Goiânia Noise, que são festivais de puro rock ‘n’ roll. São exemplos da nossa cultura, que andam ao lado da pluralidade artística. As bandas, também diversas em gêneros, vão do Stoner Rock ao Dream Pop. O cenário alternativo goianiense, após dois anos de pausa – um hiato que fez nossa cultura minguar com pouco apoio governamental – volta a respirar, finalmente.

O Festival Vaca Amarela aconteceu na semana passada (15 e 16 de Abril) e deu um gás nesse retorno. Contando com bandas e artistas goianienses como Violins, Madu, Desert Crows, Distoppia entre outros, além de grandes atrações nacionais como Gloria Groove, Karol Conká e Dead Fish. O próximo é o Goiânia Noise, nos dias 20, 21 e 22 de Maio e deve contar com Blowdrivers, Carne Doce, The Galo Power, Casa das Máquinas, Terno Rei, entre outros. O Vaca Amarela mostrou que, para além de uma produção e estrutura bem feita, com artistas relevantes e vontade de fazer acontecer, temos público para fazer um movimento que pode (e deve) deixar Goiânia uma capital ainda mais incrível.

Candidato à prefeitura de Goiânia em 2020, trabalhador de Tecnologia da Informação e filiado ao PT

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