22 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 19/03/2014 às 01:30

Goiânia, o índice de Gini e a desigualdade social

Goiânia de vez em quando é citada na imprensa como uma das cidades mais desiguais do Brasil. Este fato geralmente acontece em época de eleições e é usado pelos partidos de oposição com o objetivo de desqualificar a gestão da cidade. 

Vou tentar aqui jogar um pouco de luz sobre a questão.


Não se deve confundir desigualdade social com pobreza. Goiânia é uma das melhores cidades para se viver no Brasil, o que é comprovado por vários indicadores de qualidade de vida, tais como IDH, IBGE, FIRJAM e outros. A renda per capita média de Goiânia aumentou 94,39% nas últimas duas décadas, passando de R$693,72 em 1991 para R$1.001,94 em 2000 e R$1.348,55 em 2010. A taxa média anual de crescimento foi de 44,43% no primeiro período e 34,59% no segundo. 

A extrema pobreza (medida pela proporção de pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em reais de agosto de 2010) passou de 2,95% em 1991 para 1,75% em 2000 e para 0,54% em 2010. 

Apesar da melhoria da renda média e da redução da probreza, a desigualdade social aumentou. O Índice de Gini passou de 0,57 em 1991 para 0,61 em 2000 e para 0,58 em 2010.

Mas afinal o que é o Índice de Gini? É um instrumento usado para medir o grau de concentração de renda. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de 0 a 1, sendo que 0 representa a situação de total igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda, e o valor 1 significa completa desigualdade de renda, ou seja, se uma só pessoa detém toda a renda do lugar.

Veja a tabela abaixo:


O índice de Gini é calculado por uma fórmula que compara os 20% mais pobres da população com os 20% mais ricos. Em Goiânia os 20% mais pobres detém apenas 3,34% da riqueza e os 20% mais ricos 63,06% (dados de 2010). Aí está a fonte da desigualdade.

Como mudar esta situação? Depende de quem? Não existe uma solução mágica para a questão da desigualdade social e não está ao alcance do governo reverter o quadro com políticas públicas de curto prazo. Na minha opinião o melhor a ser feito é intensificar os investimento em educação construindo novas escolas e melhorando a qualidade do ensino em todos os níveis. Não basta erradicar o analfabetismo, é preciso também aumentar o tempo de permanência nas escolas e aumentar o tempo de escolaridade. É sabido que existe uma relação direta entre a escolaridade e a renda.

 
(Texto publicado originalmente no Observatório do Cerrado )