O encontro de Lula com Gilmar Mendes, do STF, atinge o seu propósito em tempo de guerras de discursos políticos. A conversa de pessoas ligadas à política nunca foi pecado, ao contrário sempre foi uma forma de negociações, mesmo considerando interesses diferentes dos grupos políticos. Ninguém pode afirmar que Mendes seria um bastião da objetividade jurídica, sem relação partidária. Em essência, o Supremo Tribuna Federal, assim com as intuições ligadas à justiça estão próximas ao mundo político e, de fato, participa dele, diretamente. Nada de mal nisso.
No mundo da política haverá sempre aproximações e convencimentos, o que ocorre permanentemente com os lobistas, de maneira a cooptar parlamentares para suas causas, quase sempre lesivas aos interesses econômicos da coletividade. O resultado é um crime
contra o público, no entanto, recebe a conivência de “autoridades” interessadas em obter recursos para sua campanha, e se manter no poder – invisível muitas vezes nas matérias jornalísticas de alguns órgão de comunicação. Afinal, não é o mercado que conduz a
sociedade moderna?
Está em jogo não somente o Cachoeira e sua cavalaria e os mensaleiros, que recebiam como missão votar projetos do governo, mas efetivamente a ordenação do poder político brasileiro.
A revista Veja claramente defende um Brasil de economia liberal, com visão de um mercado privilegiado pela política e regulador; de um Brasil dependente. Não há o que esconder, sua linha editorial é muita clara neste propósito. Por outro, há o lulismo que visa azedar a sopa das grandes coorporações – ou simplesmente dificultar, na condução de uma sociedade absolutamente submetida à lógica dos mercados. A base do PT para se manter no poder é a maioria dos trabalhadores e comunidades excluídas deste processo econômico perverso.
Se o projeto de um político-trabalhador for reproduzir o discurso apenas empresarial não haveria alternância no poder, pois para isso há pessoas com maior competência e confiabilidade. Gilmar Mendes seria, como exemplo, uma pessoa ideal.
Neste sentido, surgem os personagens importantes para arranhar a imagem dos oponentes. Neste momento, Mendes vem à pública com esta missão de enfrentamento contra os adversários de seu grupo político. Muito natural, a propósito.
Importante lembrar que recentemente o ministro disse que a profissão de jornalista é similar ao trabalho dos cozinheiros, no sentido de criar constrangimentos em favor das grandes empresas de comunicação brasileiras, para o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo para exercer a função. Como agradecimento mereceu elogios do jornal Folha de S. Paulo em editorial meses depois, creditando ao ministro sua ética e honradez.
Mas um fato que salta aos olhos, o embate que se dá nas diferentes mídias, incluindo os blogs e rede social, começa a permitir que a sociedade tenha contato com mais de um ponto de vista de discurso. Talvez deste prisma vislumbre possibilidade de democracia
e menos domínio de alguns, que tem voz e estão no poder eternamente, político ou não.
Prof. Antonio Silva – @antoniosilvva
Jornalista, Professor e Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Doutorando em Jornalismo pela UnB e Interessado no debate sobre questões sociais.