Um conhecido técnico americano visita as poderosas jazidas do Estado Central
A procura de niquel nos mercados do mundo vem se tornando, como é facil de verificar, dia para dia, mais intensa, concorrendo para isso o fato da crescente aplicação desse precioso metal como material belico. Todos os paizes, notadamente as grandes potencias, estão hoje, por conseguinte, seriamente preocupadas com o problema da produção do niquel.
A Itália tem as suas vistas voltadas para as jazidas niqueliferas da Sardenha e da região Piemonte. O Japão cogita no momento de arrendar os depositos de niquel da Ilha Francesa Nova Caledónia, no Pacífico Sul, isso porque os resultados colhidos na exploração das minas de Chosen, não teem apresentado successos, dada a pouca percentagem de niquel ali encontrado, por tonelada em matéria bruta.
As minas da Colombia Britanica, na Ilha Celebes, nas índias Neerlandezas e em Kola, estão em atividades, em particular as de Canadá, estas como se sabe, oferecem maior teor de minérios. As fontes de produção de niquel em 1934 foram, conforme dados estatisticos publicados pela imprensa do pais, as seguintes: Canadá, 64.344 toneladas; Grécia, 1.450; Nova Caledônia, 5.500 ; Índia, 1.300; Noruega, 1.092; Únião Soviética, 951; Estados Unidos, 157 toneladas.
O facto é que essas jazidas na sua quasi totalidade oferecem do min é rio um teor insignificante em face do que não apresentam, na sua exploração, resultados economicos eficientes e compensadores.
Vê-se, portanto, com melhor razão que as grandes pot ê ncias teem no momento as vistas voltadas para o problema da produção desse metal o qual já começa preocupar de um modo bem notorio, atenção dos técnicos internacionais.
O NIQUEL NO BRASIL
O Brasil tem as suas maiores jazidas de niquel no Estado de Goi á s e em Minas Gerais. As jazidas de niquel de S. José do Tocantins, em Goiás, que já vem sendo exploradas pela Empresa Comercial de Goiás S. A., são consideradas pela extensão territorial e pelo teor que esse minério oferece, as maiores do mundo. Noticias procedentes do extrangeiro, vinculadas pela imprensa nacional, adeantam que vários paizes da Europa e da Norte America estão com as vistas voltadas, através de suas em prezas niqueliferas, para as jazidas de Goiás, que poder ão perfeitamente matar a fome dos mercados do mundo, tal o volume da produção que podem proporcionar – Vários tecnicos já se manifestaram sobre as minas de niquel de S. José de Tocantins, no Estado de Goiás. Um deles é o dr. Luciano Jacques de Morais, conhecido mineralogista brasileiro e alto funcionario do Ministerio da Agricultura.
No Boletim n . 9, denominado “Niquel no Brasil”, daquele importante Departamento, escreve o ilustre engenheiro Luciano Jacques de Morais sobre as jazidas do Estado de Goiás, situadas em S. José de ocantins, o seguinte: “Esses depositos de minério de niquel são os maiores do Brasil e devem rivalisar com os da Nova Caledónia que, até agora, ocupam o segundo lugar em importância no mundo, depois dos de Sudbury, no Canadá. É possivel que as reservas do niquel de Goiás, quando melhor pesquizadas provem ser maiores do que as suas similares da Nova Caledónia”.
Mais adeante o engenheiro Luciano Jacques de Morais, cuja opinião é acatadissima, como técnico nacional, acentua: “O minério dessas jazidas, tem um teor médio de 4 a 8% de niquel, havendo, porem, veias e faixas mais ricas, atè com 14% de Ni. As massas de minérios abaixo de 4% são formidáveis.
Já foram exportadas cerca de 170 toneladas de minério rico, escolhido com teor medio de 12 a 14%. Nesse total entraram 11,5 toneladas com teor de 14, 32%de Ni, alem de 2 toneladas com percentagem ainda mais elevada.
Em uma partida de 105 toneladas exportadas, obteve-se 14, 03% de Ni e 1,29% de Cu, com o conteúdo em agua fixado em 8%.
TRANSPORTE DO NIQUEL GOIANO
O niquel goiano tem sido na sua generalidade exportado para Rotterdam e para a Allemanha. Seu transporte vem sendo efetuado até Leopoldo de Bulhões, em auto caminhões, isso numa distancia de 390 quilómetros e daí em estrada de ferro que já se encontra em Anápolis, a distancia entre a ferrovia e as jazidas foi diminuida 48 quilometros.
O niquel de Goiás terá o seu transporte facilitado desde o momento em que se fizer a ligaçã o da Oeste de Minas á Estrada de Ferro Goiás, trecho Patrocinio – Ouvidor, o que se fará dentro de poucos mêses em vista dos serviços estarem já em sua ultima faze de conclusão. Com essa ligação ferroviária o niquel goiano poderá ser exportado via Porto Angra dos Reis.
TRANSPORTE FLUVIAL
Não tem muito o dr. Coimbra Bueno , Engenheiro Chefe dos Serviços de Construção da cidade de Goiânia, Nova Capital de Goiás, salientou as vantagens do niquel goiano ser exportado até Belem do Pará, pelo Rio Tocantins, aliás o dr. Luciano Jaques de Morais, no seu tratado sobre as nossas jazidas de nique, focalisa esse ponto achando-o merecedor de atenção.
UM CONHECIDO TÉCNICO AMERICANO VISITA AS JAZIDAS DE GOIÁS
As jazidas de niquel de Goiás, veem, como já é publico, despertando considerável interesse, nesses últimos mêses. E grande o seu numero de visitantes, alguns deles incógnitos e na sua maioria extrangeiros.
Ainda ha pouco ali esteve, procedente da Norte America, em carater de estudos, Mr, J. G. Iiardy, conhecido técnico e Presidente de importante companhia de niquel dos Estados Unidos. Pelo que se couclue as jazidas de niquel de Goiás, que reservam a este Estado enormes perspectivas económicas, já começam interessar seriamente as empresas niqueliferas norte americanas.
MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO GOIANO
O Governador do Estado, dr. Pedro Ludovico Teixeira, incansável em acelerar todas as nossas fontes de produção, notadamente as do setor mineralógico, determinou ao Engenheiro Gustavo Siqueira percorresse toda a estrada automobilística que liga a via ferrea a S. José de Tocantins, a região niquelifera por excelencia, afim de estudar os meios mais práticos no momento para o alargamento daquela autovia de modo a mesma vir oferecer ao publico melhores e mais seguras condições de trafegabilidade.
Artigo publicado no periódico Folha de Catalão, em 15 de agosto de 1936, de autoria do então Diretor do Departamento de Propaganda e Expansão Econômica do Estado de Goiás, Câmara Filho
Joaquim Câmara Filho foi Diretor do Departamento de Propaganda e Expansão Econômica do Estado de Goiás em 1986, um dos fundadores do “O Popular” em 1938