07 de agosto de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 10/05/2012 às 16:58

Eleições e muitas interrogações

Por Paullo Di Castro

O primeiro semestre de 2012 não tem contribuído até então com a formação do quadro de candidatos que disputarão o pleito para o Paço Municipal. Os escândalos revelados a conta gotas pela Polícia Federal nas Operações Vegas e Monte Carlo, e as provas que aparecem acusando mais agentes políticos, vão de encontro aos projetos de outrora pré-candidatos a prefeitura de Goiânia. As articulações partidárias dão lugar aos processos disciplinares internos das legendas e a volta à estaca zero para indicações de nomes e formação de chapas.

O prefeito Paulo Garcia segue tendo como trunfo a candidatura consolidada, cenário bem diferente de quando assumiu o cargo, em lugar de Íris Rezende, que saiu para concorrer ao governo. Mesmo com as confusões causadas pela reforma do Mutirama, não foi o suficiente para arranhar sua imagem. Aquele médico pouco articulado que só tinha a missão de completar o mandato ganhou musculatura política e ainda vê seus oponentes serem descartados e com sérias dificuldades de emplacar suas candidaturas.

A expectativa em torno do nome bancado pelo Palácio das Esmeraldas era a afirmação de quem seria o oponente maior do prefeito. Após o processo desde o ano passado em torno dos nomes do deputado estadual Fábio Sousa e do federal João Campos, a escolha do governador foi o então secretário do Meio Ambiente e deputado federal licenciado Leonardo Vilela. O golpe nos planos tucanos veio com as citações de Vilela em conversas do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Antes de um desfecho mais claro nas operações e CPIs, será inviável retomar a definição do pré-candidato do PSDB.

Os partidos da base de apoio ao governo que querem lançar candidatos patinam e fazem figuração no processo sucessório municipal. PTB com Jovair Arantes, que já teria montado equipe de pré-campanha, aposta em seu maior nome, mas longe de conseguir apoios relevantes. O PSD ainda se decide em lançar ou não o deputado estadual Francisco Júnior ou o deputado federal Armando Virgílio, com o projeto nacional do partido, não resta muito a não ser fortalecer as bases e incorporar a base de apoio da coligação vencedora. O PP tem a figura do deputado federal Sandes Júnior bancando seu nome no grito solitário, porém, o seu envolvimento com Cachoeira já praticamente sepultou suas chances.

O PMDB caminha para emplacar a vice de Paulo Garcia, fato que vinha sendo articulado desde as eleições de 2010. Vozes como Bruno Peixoto ainda tentaram lutar por uma candidatura independente, mas os planos do partido visando 2014 envolvem a aliança com o PT. O Psol sempre com candidatura em potencial, viu seu principal líder, vereador Elias Vaz, também envolvido com o bicheiro, deixando o discurso de oposição contundente ferido. PCdoB tenta articular através da deputada estadual Isaura Lemos, mas ainda tem pouco fôlego tem na largada.

A primeira pesquisa Serpes/O Popular de 2012 trouxe preocupações para todos os postulantes. Os números baixos dos candidatos de oposição condicionam a disputa a uma urgência na consolidação dos nomes, o que fica travado pelas investigações em torno de Carlinhos Cachoeira. O período prolongado de instabilidade tem tirado o sono dos caciques dos partidos. 

O meio do ano reserva boas reviravoltas na confirmação das coligações e seus candidatos. O tamanho da sujeira revirada pelos últimos acontecimentos na política estadual pode aquecer o embate mais pra frente, ou pode transformar essa na mais esvaziada campanha para a prefeitura dos últimos anos.

 

Paullo Di Castro é jornalista, blogueiro e músico amador. @paullodicastro