Dias Mendes, nosso amigo

Por Vassil Oliveira, especial para o Diário de Goiás

Dias Mendes vestia um largo sorriso todos os dias. Era sua roupa preferida. Ou talvez seja mais correto dizer: era a roupa preferida de todos os que o conheciam. Era sua pele. Mais que isso.

Seu jeito natural. Seu espírito livre. Seu sorriso me sacudia porque me fazia sorrir instantaneamente, e a vontade imediata era a de abraçar. E a gente sempre se abraçava. Eu fazia questão, acho que ele também, nem tempo havia para um ou outro titubear.

Dias era assim com todos, eu sei, e que bom. Eu me realizava com o abraço que era só nosso naquele instante, e com sua presença pura, absoluta no gesto e no arroubo com que principalmente ele se doava. Era doação, não tenho dúvida.

No curto período em que trabalhamos mais juntos, no site Pauta Goiás, vivemos aventuras inesquecíveis. Com um celular na mão e a espontaneidade acesa, ele reportava, brincava, informava, ele jornalistava, toda vez com a competência e o brilho contagiante dos que sabem e amam fazer jornalismo.

Na campanha passada para prefeito de Goiânia, Dias subiu na caminhonete em movimento onde um dos candidatos discursava e gravou lá mesmo uma animadíssima entrevista. E como nos divertimos com essa história… como os bastidores desta notícia se tornou uma notícia sobre corações adultos se ameninando de repente numa travessura profissional… Como é bom rever isso na memória.

Dias Mendes vai embora me deixando triste pela partida porém imensamente contente por tudo que vivemos juntos. Sua fé não me permite, eu sei, acreditar que sua história chegou ao fim. Ele está evoluindo, estou certo disso, porque era fácil sentir que ele acumulava virtudes que o faziam um amigo, um companheiro, um ser especial em todos os sentidos. Uma evolução a céu aberto, elevando junto quem o cercava.

Repare como os amigos estão abalados. Como o que digo é o que todos dizem, e mais, e melhor. Porque estão, estamos todos assim. Desde o momento em que se confirmou sua partida, o que vejo e percebo e ouço é espanto. Dias se fez querido sempre, se faz amado neste momento, e está inesquecível.

Difícil escrever agora e conseguir dar a dimensão do que há para ser dito. Porque, creio, pouco sentido há em um acidente estúpido na estrada, ainda que essa estrada seja (conheço bem) perigosa por demais. O que houve de verdade? O que há para ser compreendido nisso, meu Deus!

Dias, já estou com saudade. Já estamos com saudade. Este choro incontido que todos que o conhecemos carregamos no peito é também o sorriso dos que o amam independente de estar aqui ou já aí, esperando para voltar. Deus o abençoe. Sim, Deus. Que Ele também nos conforte. E obrigado por ser meu amigo.