04 de setembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 25/09/2023 às 15:09

Desconfie sempre… sempre desconfie

Nos últimos dias as cidades de Goiás puderam perceber um movimento que parece eleição para cargo do legislativo, mas na verdade não é. Tivemos adesivaço para o cargo de conselheiro tutelar em várias regiões do estado. Agora, uma situação chama atenção: a quem interessa essa eleição? Afinal, qual a função do conselheiro tutelar? Por que há pessoas que investem em campanha profissional para um cargo desse?

Algumas respostas são quase que imediatas, pois vários conselheiros tutelares acabam seguindo a carreira política e se transformam em vereadores em suas cidades, muitos chegaram até ao Legislativo goiano. Mas, se essas pessoas são mini vereadores (não por serem menores e sim porque o cargo não é de vereador), elas conseguem desenvolver o papel que é tão importante?

Uma pausa na reflexão para explicar o que um conselheiro tutelar tem que fazer. “Criado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o Conselho Tutelar é um órgão permanente e autônomo que zela pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente. A missão institucional consiste em representar a sociedade na defesa dos direitos da população infantojuvenil, como o direito à vida, à saúde, à educação, ao lazer, à liberdade, à cultura e à convivência familiar e comunitária. A atuação ocorre em parceria com escolas, organizações sociais e serviços públicos.” Você sabia disso? Eles fazem isso?

Bem, já que agora sabemos o que eles têm e devem fazer, vamos entender melhor porque essa “campanha” tomou as ruas. Há cerca de 15 anos não se tinha a dimensão do que o conselheiro tutelar podia fazer, então alguns começaram a chamar a imprensa para denunciar o descaso na causa infanto-juvenil. Com esse apelo, essas pessoas foram se tornando grandes artífices políticos e ocuparam os espaços deixados pelos presidentes de associação de bairro.

Saíram de cargos quase desconhecidos para líderes que caíram nas bênçãos da imprensa e acabaram usando esse espaço para ser oposição a administrações municipais. Os primeiros chegaram a cargos eletivos e com isso perceberam que esse caminho pode ser trilhado, e começaram a investir em novas lideranças.

Agora vemos eleições que são muito caras, profissionais, pagas por quem? Pagas pelos vereadores, que hoje têm os conselheiros como grandes cabos eleitorais. Aí fica a pergunta: eles ainda defendem as crianças e os adolescentes? Ou será se agora defendem outras bandeiras?

Só tenho a dizer: desconfie e desconfie sempre de campanhas muito organizadas e sem explicar o que realmente precisa ser o papel do conselheiro tutelar. Te chamo a um desafio: quando o candidato ao conselho chegar até você, pergunte o que ele vai fazer no cargo. Se a resposta for “ao lado do vereador ciclano vamos cuidar do bairro, ou mudar a realidade dos bairros”, e em nenhum momento ele falar que vai defender as crianças e os adolescentes, saia de lá e fale para a sua família que esse candidato não pode ter o seu voto.

Marcley Matos é Comunicador e está comemorando 20 anos de profissão. Ex-editor do Diário de Goiás e ex-produtor executivo das Rádios 730, Luz da Vida e Bons Ventos.

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