O tratamento do paciente oncológico, afetado por diferentes tipos de câncer, especialmente quando necessita de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), enfrenta desafios complexos que transcendem a simples gestão da doença física. A abordagem desses desafios requer uma compreensão holística da dor total, incorporando aspectos físicos, espirituais, sociais e emocionais do paciente. Assim, torna-se evidente a necessidade de uma equipe multidisciplinar, composta por profissionais como médicos, nutricionistas, fisioterapeutas, enfermeiros e psicólogos, colaborando de forma integrada para oferecer cuidados completos e personalizados.
Um dos principais objetivos desse cuidado multidisciplinar é aliviar o sofrimento do paciente, especialmente a dor, que pode ser agravada não apenas pela condição física, mas também por questões emocionais e espirituais. Nesse contexto, a abordagem paliativa surge como uma ferramenta essencial. Ao contrário da concepção anterior, o cuidado paliativo não é reservado apenas para estágios avançados da doença, mas é integrado desde o início do tratamento, com o propósito de proporcionar conforto e qualidade de vida ao paciente e à sua família.
Além disso, a comunicação eficaz com a família desempenha um papel fundamental. Os profissionais de saúde devem estar prontos para abordar não apenas as questões médicas, mas também as preocupações emocionais e os desejos do paciente e de seus familiares. Nesse contexto, as diretivas antecipadas de vontade e os testamentos vitais podem ser ferramentas valiosas. Permitem que o paciente expresse seus desejos em relação aos cuidados futuros, assegurando que suas preferências sejam respeitadas.
Olhando para o horizonte, é notável o progresso significativo que está sendo alcançado no campo da medicina, especialmente com a chegada da edição genética. Técnicas como CRISPR-Cas9 oferecem a perspectiva de tratamentos mais específicos e personalizados, abrindo novas fronteiras no enfrentamento do câncer e de outras enfermidades complexas. Contudo, é imprescindível que esses avanços sejam acompanhados por uma reflexão ética e uma avaliação minuciosa de seu impacto na prática médica e na sociedade em geral.
Em síntese, o cuidado ao paciente oncológico na UTI requer uma abordagem holística e multidisciplinar, que transcende a simples gestão da doença física para abranger as necessidades emocionais, espirituais e sociais do paciente e de sua família. Ao integrar cuidados paliativos desde o diagnóstico de doenças graves, podemos oferecer uma qualidade de vida mais significativa e um cuidado mais compassivo aos pacientes que enfrentam essa jornada desafiadora.
José Israel Sánchez Robles é médico intensivista e nutrólogo