23 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 30/12/2015 às 15:27

Crise: O momento em que quem aparece mais vende mais

Estamos vivendo uma crise, isso é indiscutível, mas nem todo mundo tem sentido os efeitos dela e está rindo a toa com dinheiro no bolso que não é pouco em alguns casos.

Recentemente li um artigo que contava a seguinte história:

Um casal, Elza e Orlando, abriu uma banca de frutas na estrada, perto da cidade.

Porque as frutas estavam sempre novas, porque eles tinham um carinho especial com os clientes que paravam ali, as vendas subiam a cada mês. A banca que tinha cinco metros de frente, foi ampliada para 15 metros e, depois, para 25 metros. Contrataram funcionários para ajudar, mas nunca abriram mão de estar sempre ali. Começaram a ganhar muito dinheiro. Ganharam tanto, que deu para financiar os estudos do filho mais velho, Ricardo, que se formou em economia e fez um curso de pós-graduação numa renomada Universidade.

Uma tarde de domingo, Ricardo, já formado em tudo, passou na banca de frutas de seus pais. Viu, enquanto estava ali, mais de 50 carros pararem, com diversas famílias e muitas crianças. Tudo para comprar as frutas que adoravam. Estranhou que os pais dessem gomos para as crianças experimentarem. E que toda dúzia viesse com duas a mais de brinde.

No final do dia, Ricardo chegou perto do pai e disse: “Pai, vem aí uma crise econômica pesada. E o senhor precisa se prevenir. Nada de gomos de frutas para o pessoal experimentar e acabe com este negócio de dar duas frutas de brinde a cada dúzia. Reduza também o pessoal que atende. Os clientes podem esperar um pouco mais para serem atendidos”.

Preocupado com as palavras do filho graduado, o casal decidiu, já na semana seguinte, cortar pessoal, acabar com os gomos de frutas para que os clientes provassem, procurou comprar produtos de outros fornecedores sem a qualidade de antes e uma dúzia vinha sem brinde extra. Nada de 14 frutas numa dúzia.

Os clientes, percebendo as mudanças, começaram a diminuir. A cada semana, menos e menos clientes. Numa tarde de domingo, quando o movimento no passado era enorme, não parou nenhum cliente.

Desolado, Orlando virou para sua mulher, Elza, e desabafou: “Elza, nosso filho é um gênio. A crise chegou”.

Naquela noite, antes de dormir, Orlando começou a rememorar o seu passado. E pensou: “eu fiz tudo isto, cresci com meu feeling, me assustei com a crise e acabei afastando meus clientes”.

No domingo seguinte, ele voltou a entregar a dúzia de 14, colocou uma placa grande com uma chamada: AQUI, NOSSA DÚZIA SÃO 14. Voltou para os fornecedores de antes e passou a dar gomos para as pessoas provarem. Em pouco tempo, tudo tinha voltado a ser como no passado. Vendia cada vez mais.

Isso mostra que aquilo que estudamos sentados nas cadeiras da faculdade, nem sempre vai ser o que realmente vale no dia a dia das empresas.

Uma ação de marketing bem sucedida não se resume a grandes cifras em que temos que contratar um ator de renome ou ter um carro famoso aparecendo no vídeo. Um bom exemplo disso foi a ação nas ruas de Curitiba onde foi utilizado outdoors em que era pedido o fim dos privilégios dos deficientes, mas tudo não passou de uma ação para mostrar que até hoje existem pessoas que pensam assim e que aquilo não deveria ser mais tolerado, o respeito ao deficiente é algo que devemos semear desde sempre em nosso seio familiar.

Outro ponto é que as empresas hoje não se preocupam tanto com sua reputação, apenas querem vender e o pós venda fica de lado, deixando seu cliente totalmente insatisfeito e com isso falando para todo o mundo através da internet e mais especificamente nas redes sociais o quanto que aquela determinada empresa não merece a atenção e o dinheiro de mais ninguém.

Atualmente o poder de uma rede social tem é tão grande que apenas um comentário ou um vídeo mostrando um produto com defeito pode ser compartilhado milhares de vezes em algumas poucas horas e com isso gerar uma crise para a empresa em que ela deixa de vender milhares de produtos por causa de uma falha de produção inicialmente e de atendimento em que o consumidor não teve sua reclamação resolvida.

Mas não é só os problemas que uma empresa vivencia durante a crise, existem aquelas empresas que visualizam a luz no fim do túnel antes de qualquer concorrente.

Vendo as falhas de seus concorrentes elas se blindam das falhas e investem em marketing para que seus possíveis clientes a enxerguem e passem a consumir seus produtos.

Não é apenas a mídia de massa (TV, rádio, jornais, revistas) que são as favoritas, aquela mesma rede social que foi usada para reclamar de um produto defeituoso, agora é usada para propagar os anúncios dos produtos que podem substituir o reclamado, isso é o remarketing, onde as pessoas que publicaram ou visualização as postagens recebem conteúdo de publicidade dos concorrentes para que possam experimentar o produto e assim criar uma afinidade com a marca e posteriormente uma fidelização.

Mas ainda temos outros meios digitais, “tradicionais” e novos de divulgar sua marca, email marketing (quando se é trabalhado uma lista real e honesta), painéis publicitários (dentro das cidades e nas rodovias), TVs nos elevadores e recepções de hospitais, busdoor e taxidoor e até o tradicional panfleto, que quando é feito com um papel melhor e com um corte diferenciado chama muito mais a atenção e faz com que o cliente em potencial tenha vontade de procurar mais sobre a empresa.

Em resumo, o marketing é importante durante uma crise, e quando se fala em marketing nem sempre são as grandes cifras que vencem o gosto do cliente, às vezes um único gomo pode conquistar o cliente que está na dúvida de qual empresa procurar para resolver seu problema seja ele um serviço ou um produto para consumir.

Phillipe F. Marques .’.

Empresário da área de comunicação.

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