23 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 11/10/2017 às 14:16

Como vai o coração das nossas crianças e adolescentes?

Se engana quem pensa que cuidar do coração é coisa de adulto ou de idosos. Cada vez mais é necessário iniciar os cuidados preventivos à saúde na primeira idade. Isto mesmo, na infância, mais precisamente a partir dos três anos de idade. Neste mês em que nossa atenção se volta para as crianças, vale a pena incluir na agenda delas um check-up médico completo e incluir nele também uma visita ao cardiologista.

Por quê? Segundo o Ministério da Saúde, os casos de obesidade cresceram 60% nos últimos dez anos no Brasil. Dietas hipercalóricas associadas ao sedentarismo estão intimamente relacionadas com a obesidade populacional. Essa realidade também faz com quem a incidência de doenças cardiovasculares atinja crianças e adolescentes e os estudos médicos mais recentes trazem a informação de que o sobrepeso e a obesidade infanto-juvenil têm causa direta em muitos eventos e incidentes cardiovasculares secundários.  

Esses mesmos estudos sugerem que a porcentagem de crianças e adolescentes diagnosticados com hipertensão arterial tem dobrado nas últimas duas décadas em razão de fatores genéticos e ambientais, como a ingestão inadequada de alimentos que levam à obesidade infanto-juvenil. Como na maioria das vezes, a pressão arterial na criança e no adolescente é assintomática, qualquer oscilação passa despercebida e pode ser fatal.

Pais ou responsáveis precisam ficar atentos aos hábitos alimentares pouco saudáveis, à ingestão de bebidas alcoólicas, ao uso de esteroides, anfetaminas, simpaticomiméticos, antidepressivos tricíclicos, anticonceptivos e substâncias ilícitas que por ventura façam parte, mesmo que eventual, da rotina dos adolescentes quanto do que incluem na dieta de suas crianças.  Uma vez que o excesso de macromoléculas (glicose + gorduras saturadas) ingeridas aumentam os níveis de insulina e ácidos graxo circulantes – promovendo o depósito ectópico de gordura nos órgãos e tecidos. Essa deposição resulta no aumento da circunferência abdominal e o tão falado fígado gorduroso (esteatose hepática).  Além disso, o aumento da glicose e da insulina gerarão status pró-inflamatório no organismo. Aumentando precocemente as chances de aterosclerose nas artérias e hipertrofia ventricular mesmo em organismos tão jovens, que podem dar ensejo a eventos como infarto do miocárdio, por exemplo.  

Então, nada melhor que ensinar desde cedo às nossas crianças e nossos adolescentes que para curtir um feliz dia das crianças, ter um coração saudável é garantia de brincadeiras infinitas!

*Frederico Nacruth é médico cardiologista e especialista em imagem cardiovascular. Atua em Goiânia no Hospital Encore, Instituto do Aparelho Digestivo (IAD) e Clínica Nutrê. Especializado nas áreas de diagnóstico e clínica com a chancela dos principais centros cardiológicos da América Latina: Grupo Fleury, Hospital do Coração (HCor), Hospital Santa Catarina, Hospital Israelita Albert Einstein, Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – todos cursados em São Paulo -, tem como foco prestar um atendimento personalizado e humanizado em todas as etapas, desde a prevenção à intervenção de emergência.