Todos já sabem que o cigarro, quando fumado, leva centenas de substâncias químicas para dentro do corpo, grande parte delas, prejudiciais à saúde. Por isso, o fumo está associado a uma série de problemas de saúde como doenças cardíacas, câncer, doenças pulmonares e até mesmo danos à pele. Apesar desse conhecimento, é alarmante constatar que, conforme a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), cerca de 12% da população brasileira – correspondendo a mais de 25 milhões de indivíduos – ainda persistem no hábito de fumar. Com base nos dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada dia, no Brasil, 443 pessoas perdem suas vidas devido às consequências do tabagismo.
E é por isso que as campanhas permanecem como um elemento imprescindível na condução das pessoas rumo à renúncia ao vício do tabaco. Importa reiterar, com ênfase, que nos encontramos na Semana de Combate ao Fumo, cuja celebração oficial foi na terça-feira, 29 de agosto. Esta ocasião tem como objetivo reforçar as iniciativas de conscientização e engajamento da população, não somente em relação aos prejuízos à saúde associados ao tabaco, mas também aos malefícios sociais, políticos, econômicos e ambientais.
Dentre os principais aspectos que devem ser reforçados acerca do tabaco e da fumaça, é primordial compreender que o risco não se restringe aos fumantes em si. Aqueles que circundam os indivíduos que fumam estão igualmente suscetíveis aos efeitos nocivos da fumaça do cigarro, categorizados como fumantes passivos. A exposição à fumaça de segunda mão não somente pode acarretar problemas de saúde para esses indivíduos, como também para todos que dela são submetidos.
A maioria das pessoas sabem disso, e inclusive querem parar, reduzir seus riscos à saúde, e isso é possível. Inclusive, parar com este hábito pode melhorar a saúde cardiovascular, respiratória e até mesmo aumentar a expectativa de vida. Há um vasto leque de recursos disponíveis, como terapias, medicamentos e apoio psicológico, para ajudar as pessoas a abandonarem o hábito. O Sistema Único de Saúde (SUS) mesmo, oferece tratamento gratuito para ajudar quem quer parar de fumar, basta procurar uma unidade de saúde.
Denominado Programa Nacional de Controle do Tabagismo (PNCT), uma iniciativa concebida pelo Ministério da Saúde, esse programa se dedica a prover tratamento para a cessação do tabagismo e superação da dependência nicotínica. No âmbito do SUS, o tratamento abarca uma avaliação clínica minuciosa, adotando abordagens de cunho mínimo ou intensivo, tanto individualmente como em grupo, e, quando pertinente, incorpora intervenções terapêuticas medicamentosas.
A decisão de abandonar o tabagismo é um bem que alguém oferece a si próprio. Os benefícios decorrentes da cessação do hábito são quase imediatos. Dentro de 12 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue retornam ao patamar normal; entre 2 a 12 semanas, observa-se um aprimoramento na circulação sanguínea e um aumento na capacidade pulmonar. No intervalo de 1 a 9 meses, os incômodos da tosse e da dificuldade respiratória apresentam uma notável diminuição. Em de 5 a 15 anos, o risco de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC) equipara-se ao de um não fumante. Adicionalmente, após 10 anos, a taxa de mortalidade por câncer de pulmão reduz-se a aproximadamente a metade da observada em fumantes.
José Israel Sánchez Robles é médico intensivista e nutrólogo