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Uma das bebidas mais consumidas no mundo o café, tem seus benefícios. Seu principal componente, a cafeína, é um princípio ativo de efeito controverso. O Comitê Olímpico Internacional (COI) mudou sua posição quanto à substância diversas vezes: já foi banida em 1962, e, em seguida, removida da lista de drogas banidas, em 1972. Em 1984 novamente proibiu-se “níveis elevados” na urina. Atualmente, ela está fora da lista de substâncias proibidas, parte da razão se deve à sua presença em alimentos e em bebidas, dificultando o rastreamento e controle na dieta dos atletas.
A liberação do uso de cafeína para atletas olímpicos provocou o aumento de seu consumo entre os competidores: exames toxicológicos aplicados aos esportistas de várias modalidades demonstraram que: halterofilistas têm a maior concentração do estimulante, seguidos pelos ciclistas e pelos fisiculturistas. O aumento do desempenho físico por sua utilização é comprovado cientificamente. Seu uso, neste caso, é como recurso ergogênico, que é a capacidade da substância em melhorar o desempenho físico. Isso é produzido por seus efeitos em três diferentes esferas:
Efeitos no músculo esquelético e no coração
Constatou-se que a cafeína aumenta a geração de tensão muscular e o mediador na liberação de cálcio do retículo endoplasmático das células musculares. Estudos recentes (metanálise) demonstraram que a ingestão de cafeína exerce impacto positivo (+7%) na força máxima dos extensores do joelho, além do aumento na resistência muscular.
Estimulante do Sistema Nervoso Central
Além da atuação no tecido muscular atua/opera/funciona como estimulante do Sistema Nervoso Central. Este efeito é bem conhecido através da liberação de endorfina e adrenalina, reduzindo a percepção de fadiga durante o exercício prolongado. Recentes revisões na literatura apoiam essa proposição com descobertas de que a escala de percepção do esforço (EPE) é mais baixa, o que explica a melhora no desempenho.
Mobilização de combustível
O aumento de desempenho também tem consequências na produção energética através da mobilização de combustíveis. Foi demonstrado que causa elevação da glicose e aumento na utilização dos ácidos graxos. O aumento da glicose pode ser decorrente da estimulação do SNC e do aumento das catecolaminas que fazem com que a mobilização de glicose no fígado seja maior. Esse processo desencadeia a suspensão da produção de insulina pelas catecolaminas. Além disso, ocorre uma aceleração do metabolismo das gorduras, importante fonte de energia do organismo.
Destaca-se também sua rápida absorção, após 15 minutos da ingestão a substância já passou do aparelho digestivo para a corrente sanguínea, tendo seu pico em 60 minutos.
Todas essas implicações positivas da cafeína, entretanto, não eliminam as reações indesejáveis. Ela pode provocar insônia, diarreia, ansiedade, tremores e irritabilidade. Essa resposta é variável entre indivíduos, de modo que é necessário ajustar a dose para incorporar a cafeína à dieta e à prática desportiva, minimizando os efeitos adversos.
Fontes bibliográficas: Doherty M, and Smith PM. Effects of caffeine ingestion on rating of perceived exertion during and after exercise: a meta-analysis. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports 15: 69-78, 2005; Tarnopolsky MA. Effect of caffeine on the neuromuscular system: potential as na ergogenicaid. Applied Physiology, Nutrition and Matabolism 33: 1284-1289, 2008; Warren GL, Park ND, Maresca RD, Mckibans KI, and Millard-Stafford ML. Effect of caffeine ingestion on muscular strength and endurence: a meta-analysis. Medicine and Science in Sports and Exercise 42:1375-1387, 2010.
*Frederico Nacruth é médico cardiologista. Atua em Goiânia no Hospital Encore, Instituto do Aparelho Digestivo (IAD) e Clínica Nutrê. Especializado nas áreas de diagnóstico e clínica com a chancela dos principais centros cardiológicos da América Latina: Grupo Fleury, Hospital do Coração (HCor), Hospital Santa Catarina, Hospital Israelita Albert Einstein, Real e Benemérita Associação Portuguesa de Beneficência, Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – todos cursados em São Paulo -, tem como foco prestar um atendimento personalizado e humanizado em todas as etapas, desde a prevenção à intervenção de emergência.