As eleições estão chegando. O fundamental, no momento, é melhorar a qualidade de nossa representação política. Elegeremos o Presidente da República, governadores, deputados federais e renovaremos um terço do Senado. Esperamos superar este momento difícil, talvez o mais preocupante da História republicana do Brasil. Nossa colaboração deve caminhar no sentido de sofisticar a discussão sobre os grandes problemas nacionais e elaborar possíveis soluções. Isso não é, de forma alguma, uma tarefa fácil.
Muita coisa tem que mudar. Infelizmente, muitas pessoas ainda votam em um deputado ou Senador porque foi ajudado, ou porque é um amigo, ou um conhecido da família. Muitos não se lembram em quem votou na última eleição. Alguns ainda escolhem no dia mesmo, talvez pela sorte. É comum, ainda, que muitos nem sequer saibam onde ficam as Assembleias Legislativas de seus estados, por exemplo. E isso também não é novidade. Em nossa tradição histórica, sempre parecemos priorizar o executivo: prefeitos, governadores e presidentes. Vereadores, deputados estaduais e deputados federais são relegados a uma marginalização. Interessante que também faz parte da nossa tradição reclamar do Congresso.
Alguns podem dizer que esta questão se deve ao predomínio do executivo sobre o legislativo, sob um sistema presidencialista. Acredito que é mais do que isso. Há uma tradição histórica, também, de se eleger, no Brasil, o salvador da pátria, com uma tendência meio messiânica. Essa figura de alguém que vem para salvar, mudar tudo, está muito presente na política nacional. Isso mostra como a democracia ainda não está efetivamente enraizada no Brasil. No entanto, todos os 513 deputados foram eleitos diretamente. Temos que nos lembrar disso. A responsabilidade cai sobre o eleitor: eu e você, caro leitor.
Esperamos que o dia 2 de outubro seja um dia em que mudaremos de capítulo nesta História do Brasil em movimento. Por isso escrevo esses textos publicados aqui no Diário de Goiás, assim como outros colegas que o fazem tão bem: para qualificar a reflexão sobre a política nacional. Discutir a modernidade. Os anos 1980 foram chamados de década perdida, porque o Brasil tinha crescido muito durante os anos 60 e 70. Hoje, temos índices piores que os dessa década. Estamos em uma situação de crise continuada.
No passado, tivemos a indústria como carro chefe do crescimento. Precisamos voltar a este padrão. A pandemia mostrou que não produzimos nem o que precisamos para sobreviver. Os remédios e insumos estavam na Índia e na China, que também fazem parte dos Brics. Se tivemos que importar até as máscaras usadas na pandemia, o que esperar de nós?
Precisamos de um projeto nacional de desenvolvimento econômico. Somos um grande país, temos um grande povo. Contamos com grandes cientistas. Temos que nos reencontrar com nosso destino. O Brasil precisa voltar a ser o país do futuro.
Cristian de Paula Sales Moreira Junior é professor de História e mestre e doutorando em História Política pela UFG.