01 de outubro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 01/09/2023 às 09:06

Arquitetura de emergência: Impacto e importância em cenários de crise global

Foto: reprodução
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Nos últimos anos, a sociedade tem testemunhado um aumento alarmante em conflitos armados, crises humanitárias e desastres naturais, intensificados pela pandemia da Covid-19 e pelas mudanças climáticas. Segundo a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), até maio de 2023, mais de 110 milhões de pessoas foram deslocadas à força de seus locais de origem, resultando em uma das maiores crises de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Essa situação se torna ainda mais urgente em virtude da guerra na Ucrânia, onde conflitos intensos deixaram milhares de pessoas desabrigadas e vulneráveis.

Nesse contexto, a arquitetura de emergência tem se destacado como uma abordagem crucial para enfrentar os desafios impostos por essas crises. Essa área de estudo e prática dedica-se a desenvolver técnicas de construção e espaços de refúgio temporários, desempenhando um papel fundamental na garantia da segurança, sobrevivência e acesso aos direitos humanos básicos, como moradia e saúde, em situações críticas.

Uma das manifestações mais notáveis da arquitetura de emergência são os abrigos temporários. Ao contrário das construções convencionais, esses abrigos são projetados para serem adaptáveis a diferentes contextos, culturas e climas, oferecendo um lar provisório e auxiliando na recuperação física e emocional das comunidades afetadas. Além dos dormitórios, esses abrigos oferecem instalações sanitárias, acesso a água potável, energia elétrica e meios de comunicação, proporcionando condições básicas para a sobrevivência.

No cenário da guerra na Ucrânia, a utilização de abrigos emergenciais tornou-se crucial. Desde a invasão russa em 2022, arquitetos, designers e organizações governamentais têm colaborado para instalar abrigos temporários em áreas afetadas por conflitos. Escolas, supermercados e outros espaços foram adaptados para receber os deslocados internos, fornecendo abrigo e suporte essencial. Além disso, projetos inovadores de habitação modular e flexível foram desenvolvidos e implementados, atendendo às necessidades específicas da situação e oferecendo soluções de baixo custo e rápida execução.

A situação na Ucrânia, onde mais de 13 milhões de pessoas permaneceram deslocadas um ano após o início do conflito, destaca a urgência e a importância contínua da Arquitetura de Emergência. Em um contexto global em que o déficit habitacional afetará 1,6 bilhão de pessoas até 2025, uma abordagem adaptável e sustentável dessa disciplina torna-se uma parte essencial da resposta a esses desafios.

Diante dessa realidade, a Arquitetura de Emergência e os profissionais do setor da construção civil desempenham um papel crucial no enfrentamento das crises do século XXI. Eles não oferecem apenas abrigos temporários, mas também reservam esperança, sustentabilidade e acessibilidade à moradia em meio a uma situação adversa. A compreensão da dimensão social da arquitetura e o compromisso com o coletivo tornam-se cada vez mais evidentes diante dos desafios contemporâneos.

Polyana Franco, mestra em Projeto e Cidade e professora do curso de Arquitetura da Estácio.

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