“O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja” – Augusto dos Anjos.
O Grande Oriente de Goiás, Potência Maçônica regular e reconhecida por dezenas de outras Potências no Brasil e do exterior, está sendo alvo de uma desdita inconcebível, inaceitável e incomensurável. Desdita, no melhor sentido da palavra: desgraça, infortúnio, má sorte.
De uma outra Potência federada do Brasil já se esperava um comportamento hostil como esse. Entretanto, de parte da Grande Loja Maçônica do Estado de Goiás não há sentido nem razão uma afronta sem precedentes como revogar unilateralmente o Tratado de Mútuo Reconhecimento e Amizade que mantínhamos desde setembro de 2021.
Sem um mínimo de justificativa plausível. Sem motivo real que ensejasse essa cusparada na cara de todos os obreiros do GOG – filiado à Confederação Maçônica do Brasil (Comab). Sem razão para fechar a porta e dizer que todos nós não somos bem-vindos às suas lojas e que os maçons da GLEG não podem frequentar nossas humildes moradas. Somos portadores de uma lepra social e o preconceito manda que sejamos isolados. Somos párias. Ninguém pode conviver conosco e devemos ser rejeitados.
Nossos irmãos podiam visitar reciprocamente as lojas. Autoridades das duas potências eram recebidas com distinção e demonstrações recíprocas de respeito, amizade e fraternidade. Todos viviam em união, com harmonia e sorriso estampado no rosto de cada conviva. Há pouco mais de dois meses, a autoridade maior do GOG foi saudada com palavras afetuosas e plenas de respeito pelo grão-mestre da GLEG, que agradeceu a presença de Abdala Hanna Obeid e reafirmou os laços que nos unem como irmãos.
De repente, o grão-mestre da GLEG, Mário Martins de Oliveira Neto, nos chuta de sua casa e diz que não somos bem-vindos em suas lojas, que ele e os demais irmãos da Grande Loja de Goiás não frequentarão mais nossas casas e que violamos “preceitos de fraternidade e retidão do bom convívio entre as Potências”. O que foi dito olhando nos olhos foi renegado pelas costas da forma mais traiçoeira. Como quem diz: vade retro, não se aproximem, não quero sua purulenta figura próxima de mim.
Mas aprendemos em nossos augustos mistérios ensinamentos primorosos abstraídos do Livro Santo. Como a lição de que “há tempo para tudo embaixo do firmamento”. Sabemos que não há mal que dure eternamente e que ainda seremos desagravados e reabilitados. Sabemos com resignação e paciência perdoar o mal que nos atiram, porque o mal se consome a si próprio e o bem tem uma essência criadora e sustentável. Somente o bem neutraliza o mal e o tempo cura feridas. Acreditamos no Supremo Criador dos mundos, que exalta os humildes e depõe os poderosos de seus tronos. Somos pobres, fracos e perseguidos, mas acreditamos que somente rogando bênçãos aos nossos detratores faremos o bem triunfar.
Enquanto a Justiça não chega, seguiremos nossa senda de obreiros diligentes e comprometidos com a maçonaria universal, com seus valores e compromisso de edificação de um mundo mais fraterno e justo. Permaneceremos fiéis aos nossos compromissos de abençoar nossos irmãos da Grande Loja de Goiás e do Grande Oriente do Brasil e, quando pudermos, lhes daremos o ósculo fraterno da paz.
E ao grão-mestre Mário Martins, que nos renega com o fel da desarmonia, rogamos a Deus que lhe permita ver a Verdadeira Luz e lhe entregamos flores para que enfeite seus dias com a paz e a serenidade que cabe a cada grão-mestre cultivar.
Assim seja.
Francisco Leite é Past-Grão Mestre do Grande Oriente de Goiás e atual Grande Secretário de Relações Exteriores.


Rogério Paz Lima
Rafaela Veronezi