24 de novembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 05/08/2014 às 14:03

Análise: Cenário eleitoral 2014 com base na pesquisa Ibope

Por Luiz Carlos Fernandes(*)


 

O que podemos pensar em termos de cenário eleitoral em Goiás a partir da pesquisa Ibope, realizada entre os dias 29 e 31 de julho e divulgada no final de semana? Não se trata de uma tarefa muito fácil, mas é possível enfrentar tal desafio em duas etapas: a primeira, fazendo uma leitura atenta dos dados mais recentes sobre a intenção de voto dos eleitores goianos e, em segundo, comparando os mesmos dados com os resultados de 2010.

A pesquisa Ibope divulgada no final de semana passado mostra, por exemplo, que 26% dos eleitores goianos não têm nenhum interesse nas eleições de 2014. A maior parte dos desinteressados está na faixa etária onde se concentra a maior parte dos eleitores do Estado (entre 25 e 34 anos). E mais, que uma parcela dos eleitores ainda está indecisa: para presidente da República, 17% na estimulada e 45% na espontânea. Para governador, apenas 12% se declararam indecisos na pesquisa estimulada, mas na espontânea o percentual subiu para 46%. Para o Senado Federal, o percentual de indecisos é ainda maior: 27% na estimulada e 65% na espontânea.

Os resultados da pesquisa Ibope 2014, divulgada poucos dias antes do início do Horário Gratuito de Propaganda Eleitoral (HGPE) é semelhante ao do mesmo resultado divulgado pelo instituto em época semelhante em 2010. Na ocasião, a frente de Marconi Perillo sobre Íris Rezende também era de 9%. O candidato tucano acabou vencendo o primeiro turno com 9,9% de frente e o segundo turno, com uma margem bem próxima a margem de erro da pesquisa pré-HGPE: 5,9%.

A rejeição de Marconi e superior a de 2010, que girava em torno de 17%. Segundo a pesquisa Ibope o candidato do PSDB tem hoje uma rejeição de 29%. Mas a de Íris Rezende também é maior e bem próxima a do candidato tucano: em torno de 21%, em 2010, e de 24%, na pesquisa do Ibope 2014. Além disso, a avaliação positiva e a aprovação da atual administração são maiores que a avaliação negativa e a desaprovação do atual governador como administrador público: a diferença ente a avaliação positiva e negativa é de 10% (34% contra 24%) e entre a aprovação e reprovação da administração é de 12% (50% contra 38%). Por fim, o desempenho do candidato do PSDB é melhor exatamente onde se concentra a maior parte do eleitorado: na faixa etária de 25 a 34 anos. Já a de Íris Rezende é melhor em uma faixa do eleitorado de 18 a 24 anos, que não é tão expressiva em Goiás.

E quanto aos demais candidatos: Vanderlan Cardoso e Antônio Gomide? Ao que parece não conseguiram criar a tão sonhada terceira via. O capital político acumulado por ambos indicam que os dois ainda continuam nos mesmos patamares históricos. O candidato do PSB, na faixa 16% obtidos em 2010 e o candidato petista, na faixa histórica de 15% do Partido dos Trabalhadores em Goiás.

Na disputa pelo Senado, embora possa parecer que está mais definida, já que o candidato Ronaldo Caiado está com uma frente entre 15% e 18% de seus adversários. Não é verdade. Em 2010, às vésperas do início do HGPE, as duas vagas ao Senado Federal pareciam já estar definidas com Demóstenes com 49% das intenções de voto e Lúcia Vânia com 39%. O terceiro candidato, Pedro Wilson, tinha apenas 15% da preferência eleitoral.

Mas tudo isso, são especulações feitas com base em pesquisas. E pesquisa não é eleição de fato. Em 1998 a diferença entre o resultado do segundo turno e os percentuais atribuídos ao candidato Marconi Perillo nas pesquisas de início da campanha foi de 42% (6,5% e 48,5%), em 2002, de 11,2% (40% e 51,2%). Em 2006, a diferença das pesquisas e o resultado de Alcides Rodrigues foi ainda maior, pois chegou a 46,1% (11% e 57,1%).


(*) Luis Carlos Fernandes é  Formado em jornalismo (UFG), com especializações em Marketing (FGV), Marketing Político (FIC-UFG), Pesquisa de Mercado (Cambury). Mestre em Comunicação (FIC-UFG) e Doutorado em Sociologia (FCS-UFG). Atuou com repórter, repórter político, editor e editor-executivo nos jornais Diário da Manhã, O Popular, BSB-Brasília, Correio Braziliense e Tribuna do Planalto. Desde 2004 atua também no planejamento e coordenação de marketing eleitoral de campanhas como a camapanha de Maguito Vilella ao governo do Estado, a reeleição da vereadora Cidinha Siqueira e a reeleição do pefeito de Porangatu, José Osvaldo. Professor Assistente 1 na PUC-Goiás. Matérias Pesquisa de Opinião e Mercado e Pesquisa em Comunicação no curso de Publicidade e Propaganda.