OPINIÃO – A verdade sobre as rodovias

Foi andando pelo interior de Goiás, num périplo que fiz numa sexta-feira, por cinco cidades, que moradores locais, cansados de sofrimento, me deram a sugestão de gravar tudo que encontrasse de errado e divulgar.

Comecei, então, a usar o Twitter e o Facebook para mostrar a calamidade das nossas rodovias que se encontram totalmente abandonadas e que são uma realidade muito diferente dos factóides do governo.

As cenas que gravei não deixam dúvidas sobre as cobranças que tenho feito. Mas, quando postei fotos das estradas destruídas, os carapuceiros de plantão quase enfartaram, sempre com impropérios, tentando me atingir. Até que veio o cantor Pedro Leonardo no Instagram com a mesma preocupação. A imagem que ele divulgou, de uma rodovia cheia de buracos, foi a pá de cal. Tanto é que obrigou o governo a dar explicações. E notem bem: a explicação não foi dirigida à deputada representante do povo goiano, mas particularmente, ao cantor. E veio a Agetop, outra vez, defendendo a privatização, ao invés de dar solução concreta para o caos.

O que estamos assistindo em Goiás nos deixa mais esta lição. O governador Marconi Perillo, no balanço de dois anos, disse que tinha recuperado as estradas e citou o programa Rodovida. Mas o que vemos pelo interior é justamente o contrário. A situação piorou e, com as chuvas que caíram nesta semana, a realidade das rodovias, podem ter certeza, ficou ainda mais calamitosa.

Um assalariado do governo chegou a afirmar no Twitter que agi de forma covarde, mostrando rodovias em época chuvosa.Ora, e para que serve um Governo, senão para nos garantir conforto( pagamos impostos) em qualquer época do ano.
Uma administração tem que ter compromisso e competência. Não é isso que estamos vendo em Goiás e digo: um factóide pode enganar num primeiro momento, mas a longo e médio prazo, a verdade vem à tona. Foi assim que, tanto no Twitter como no Facebook, todos os dias, o que não falta é denúncia sobre o caos nas estradas, o que demonstra a falta de consideração do governo com o povo.

Lembro- me do Iris governador. Ele cuidava tanto das estradas porque tinha aquela visão muito consciente de que o Estado precisava criar as melhores condições possíveis para que as pessoas pudessem se locomover em segurança e o nosso produtor transportar suas mercadorias a custo menor, para competir de igual pra igual no mercado. Era tanto o zelo do Iris que, por incrível que pareça, acabou virando motivo de críticas por parte de alguns, na época, que não se conformavam com o asfalto que chegava, com excelente qualidade, em todas as cidades goianas.

Agora, além de não dar conta de conservar o asfalto que foi feito, inventam essa medida de terceirizar, ou seja, cobrar pedágio ao invés de resolver o problema. Quando se candidatou, o governador submeteu a sua proposta ao eleitorado e, em nenhum momento, defendeu isso. Ou seja, não houve planejamento e agora tentam inventar mais um “jeitinho”- porque o Estado não tem dinheiro.Sem dizer dos milhões gastos em publicidade para mostrar o que não existe.

O presidente da Agetop, Jayme Rincón, ao responder o cantor Pedro Leonardo, mais uma vez, empurrou com a barriga, porque os fatos falam por si mesmos. Estão aí, todos os dias, as imagens da buraqueira, o que me levou a concluir, numa das mensagens que coloquei no Twitter, que a tal Rodovida me lembra a viúva Porcina da novela Roque Santeiro: “A que foi, sem nunca ter sido”.

Eles não fizeram nada e não vão fazer. Isso não sou eu quem está falando, mas o próprio Rincón, numa entrevista a uma rádio que também está no Twitter, quando ele diz, com as próprias palavras, que suspendeu o Rodovida Urbana. Imaginam eles que, em tempos de Redes Sociais, poderão viver de factóides como no passado. Ledo engano. Bastou que eu sugerisse aos que se sentissem incomodados, em suas cidades, logo recebi uma “enxurrada” de fotos dos estragos em estradas mal conservadas.

Como eu já havia informado, não são apenas estradas. Meus próximos vídeos mostrarão outras situações de incompetência administrativa por todo Goiás.

Administração pública não pode ser na base do factoide, deve ser feita com responsabilidade, competência e conhecimento. O factoide pode trazer resultados imediatos para os desavisados em curto prazo, mas prejuízo a médio e longo prazo para todo o povo.

A situação é muito mais grave. Também fiz questão de divulgar uma notícia muito preocupante que saiu na imprensa: “Crianças, que moram na zona rural de Caiapônia, não terão como ir às escolas. Motivo: não existe mais ponte na GO-184. Aliás, uma queixa antiga dos produtores da região”, dizia a nota. É um absurdo gastar tanto com propaganda e deixar crianças sem frequentar escolas. Chega a ser desumano.

Este é, como disse um internauta, o “Rally da Verdade”: não há nada mais enganoso do que o Rodovida. Viajo o Estado inteiro e não vejo um trecho recuperado. Incoerência total deste Governo. Depois de gastar milhões em propaganda do que não fez, agora quer privatizar.

Quero ainda dizer que a tribuna de um representante do povo não pode se limitar aos plenários refrigerados. Tem que pisar no chão e esclarecer o povo. Quem sabe não haja uma mudança de comportamento e o Governo arregace as mangas, desça do pedestal, pare de viajar e trabalhe por Goiás. Porque, do jeito que a coisa está, mais cedo ou mais tarde, o próprio governador vai acabar atolando num desses buracos que estão por todo lado.

Daqui para frente, além de denunciar, gravarei tudo que achar que deve ser mostrado. É meu dever como parlamentar de Goiás. Os ataques não me intimidam. Pelo contrário, me estimulam, cada vez mais, a cumprir o meu papel de oposição.

Iris de Araújo é Deputada Federal pelo PMDB, 2ª Vice-Presidente Nacional do Partido e

membro titular do Parlamento do Mercosul