A reforma do Ensino Médio no Brasil é pauta mais do que urgente. Mais alarmante até do que o não cumprimento das metas do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para a etapa, pela segunda vez consecutiva, são os números absolutos de evasão escolar.
Os cerca de 1,3 milhão de estudantes que deixam a escola entre os 15 e 17 anos, todos os anos, são a comprovação dessa necessidade de correção de rota.
O Ensino Médio precisa refletir a sociedade e o tempo em que os alunos estão inseridos. Um currículo transversal e vocacional, com aprofundamento em temas voltados para as aptidões de cada aluno, que dialogue com a vida real são conceitos aplicados em grande parte do mundo desenvolvido. Esse é o tipo de evolução que o Brasil não pode mais esperar.
É miopia imaginar que um currículo generalista seja o melhor caminho. Ao contrário, tal medida deixa de potencializar individualidades que, trabalhadas desde cedo, podem preparar melhores cidadãos e profissionais. Além disso, muito densa e ultrapassada, a carga de disciplinas atual pode até desestimular estudantes e contribuir para a evasão.
O aluno precisa ser o ator principal de suas escolhas educacionais. Precisa encontrar entre suas opções o caminho e as ferramentas que melhor pavimentem suas decisões. Precisa ter tempo nas instituições de ensino e professores que possam se dedicar integralmente aos centros de ensino em que lecionam.
Muito se discute sobre o uso de uma Medida Provisória como forma de implementar essa mudança. Todavia, não podemos perder de vista o que há de mais importante nela, a sinalização, ao Legislativo e à sociedade, quanto à urgência de agirmos.
É evidente que ainda há espaço para discussão, e os 120 dias que o Congresso terá para votar e apreciar as medidas propostas podem cumprir esse papel. As mudanças subsequentes do texto que for aprovado levarão, também, tempo para serem colocadas em prática.
Independentemente disso, o que não se pode mais tolerar, de modo algum, é a manutenção do atual cenário, no qual os estudantes são privados de aprender e exercer o que têm de melhor, por falta de um ambiente que os incentive de maneira correta e lhes proporcione as melhores possibilidades. O Brasil não pode mais desperdiçar gerações por caprichos e vontades, a hora é de agir.
Precisamos deixar a inércia. O caminho será longo, mas estamos entusiasmados para ajudar a construir uma nova realidade.
Eduardo Mufarej é presidente da SOMOS Educação