Por Antônio Silva, do blog No Debate
Muito triste saber que a política brasileira é nutrida com verbas privadas, que atendem a grupos poderosos, que em essência têm mais poder do que a população, na decisão sobre as coisas públicas. Assim, em quaisquer assuntos que dizem respeitos aos interesses sociais em disputa com às empresas prevalecem os investimentos empresariais. Neste mesmo grupo, pertencem muitas donos de meios comunicação com interesses em publicizar o modelo econômico privado, mesmo que os mais pobres se mantenham marginalizados, numa noção de inúmeras riquezas.
Talvez aqui pudéssemos pensar no bolo econômico, que teria sido dito por Delfim Neto, durante governo militar, quando comandava um ministério da ditadura: “primeiro deixa o bolo crescer para depois dividir”. Portanto, não se deve comer os ingredientes antes, de modo que haja material para fazer um bolo (economia), devendo depois ser assado, com crescimento que atenda a toda a população.
Na realidade, passou-se a acreditar que os ingredientes que de fato dos brasileiros, como as riquezas brasileiras, a iniciar pelos recursos naturais – o petróleo seria o bolo da cereja -, hoje estão nas mãos de grandes empresas internacionais com fortes tentáculos no Brasil. Talvez o gargalo estaria na modelo eleitoral. De modo que, na eleição para representantes sociais, como os deputados, Senadores, governadores, Presidente, vice-presidente, etc., as verbas dos empresários são obrigatórias para qualquer êxito, tornando-se um viés político-investimento para o limitado mundo empresarial. No final, NÃO há representação dos brasileiros eleitores. Como afirmam os banqueiros, “não existe almoço grátis”. Ao que parece nem mesmo democracia.
Elite-elite
Terrível acreditar que existe grupo com status quo dentro de grupos, ou seja, mesmo havendo grupos poderosos na economia, dirigindo-a, há ainda alguns que são mais donos do que os outros na economia de um país como o Brasil. Os meios de comunicação brasileiros, nos últimos dias vêm mostrando-se responder a esta elite-elite econômica brasileira, cuja finalidade é reduzir ainda mais o Estado, com privatização dos bens públicos e, no fim, até mesmo do voto. Em outras palavras uma democracia apenas como aparência, pois, sobram apenas as migalhas políticas para a sociedade brasileira.
Neste sentido, a seletividade de parte da mídia noticiosa é um modo político de fazer valer os interesses dessa elite-elite econômica, de modo a atacar alguns personagens políticos, em detrimento de outros, de modo que aqueles são salvaguardados, da visibilidade pública, continue sua posição de interesse privado, somente privado.
Neste sentido, falta transparência para o entendimento destes processos que está em curso contra a corrupção no Brasil. Se é mesmo para valer ou têm outras propostas, em primazia, aumentar o poder dos já poderosos, elite-elite, que dirige a economia nacional, que vem de outros lugares, como Europa, Estados Unidos, Ásia.
Nesta análise, a dúvida está também sobre a justiça, nas suas esferas mais altas, cujos discursos alimentam a mídia noticiosa dependente, sem levar em consideração a existência de outros personagens também corruptos envolvidos à corrupção endêmica espalhada pelo Brasil, mesmo nos estados membros da federação e de maneira volumosa.
Assim, se define a seletividade da própria mídia, que tem vozes notórias para deixar na obscuridade alguns, ficando às sombras da luz da imprensa, enquanto se compõem os justos e não justos, corruptos e não corruptos. Assim, se distancia ainda mais da premissa da defesa de um país realmente justo, que resulta apenas na justeza de uma elite-elite.
Antonio Silva é Jornalista, mestre pela PUC/SP, doutor pela UnB e professor da (UFMT).
Importante o diálogo para construir um país melhor.