01 de setembro de 2024
Opinião
Publicado em • atualizado em 28/12/2022 às 17:05

A divisão Política no Brasil

(Foto: TSE)
(Foto: TSE)

As eleições de 2018 podem ser consideradas como um divisor de águas na política brasileira após o período de redemocratização. Muitos não sabem ou não procuram saber o que foi a ditadura militar, os mais apaixonados e os que atualmente se amontoam na porta dos quartéis, a defendem e os que a viveram de perto na esquerda ou mesmo na direita, a contestam. Nada é melhor do que a democracia.

Os próprios militares sob a liderança dos ex-presidentes Ernesto Geisel e João Batista Figueiredo, após vinte três anos de intervenção, defenderam o fim da ditadura. O primeiro presidente após a inesperada morte de Tancredo Neves, foi o seu vice José Sarney, um antigo udenista, que posteriormente se filiou na arena e em seguida ao MDB para vencer junto com presidente Tancredo, Paulo Maluf, no Colégio Eleitoral, cujos eleitores faziam parte do Congresso Nacional.

Feitas essas considerações, em 2018 chega ao governo o capitão da reserva Jair Bolsonaro, de direita conservadora e com propostas inovadoras. A principal assentava no combate sistemático a corrupção, a colocando na lata de lixo, haja vista, os escândalos trazidos à luz através da Operação Lava Jato, praticados por membros do PT e de partidos aliados.

Como sabemos um juiz de Curitiba, atualmente senador Sérgio Moro, junto com procuradores federais, fizeram um trabalho brilhante junto com a polícia federal e colocaram atrás das grades, nada mais nada menos do que um dos presidentes mais populares do Brasil, após Vargas e JK, falo de Luiz Inácio Lula da Silva, presidente eleito e diplomado no último dia 12 de dezembro do ano em curso.

Posteriormente o Ministro Fachin e seus pares, entenderam que o Fórum de Curitiba não era apropriado para julga-lo e condená-lo e sim o de Brasília. O Superior Tribunal Federal anulou a condenação do ex-presidente e daqueles que se encontravam no processo, mesmo sendo recepcionado em todas as instâncias inferiores e nela própria.

Nesse cenário, Lula é recolocado no jogo político nas eleições de outubro de 2022, e seus adversários o aceitam concorrer e pelas regras atuais, muito embora contestadas pelo presidente Bolsonaro e apoiadores, Lula vence as eleições, e no próximo dia 1° de janeiro de 2023, assume novamente os destinos do país, para os próximos quatro anos.

A divisão política no Brasil se intensifica uma vez que os apoiadores de Bolsonaro não aceitam a derrota e passam a contestar a legitimidade das eleições. Primeiro o próprio partido do presidente, o PL, entra com ação no STE pedindo a recontagem dos votos de 273 mil urnas do segundo turno, que segundo eles, haveriam nelas, indícios de fraude, uma vez que são antigas e na concepção deles, suscetíveis a problemas que poderiam colocar em xeque os resultados das eleições.

O presidente do STE contesta, uma vez que tais urnas foram usadas nos dois turnos, se houvessem fraude, deveria anular as eleições de maneira geral. Da 24 horas, ao partido e coligação que fazia parte o PP, à apresentar as fraudes e como não o fizeram, não recepciona a denúncia e ainda lhes impõe multas e determina o bloqueio dos recursos do Fundo Partidário. O PP, não aceita assinar o pedido e tem seus recursos desbloqueados.

Posteriormente a isso, tem início as manifestações contrárias em todo o país puxadas pelos conservadores de direita, levando a novas ações do Presidente do STE para garantir o respeito ao resultado das eleições e o funcionamento das Instituições e o Estado direito.

Faltam quatro dias para a posse do presidente eleito, os ministros estão sendo escolhidos após a conclusão do processo de transição, e no entanto dúvidas pairam no ar, em razão do protesto dos conservadores.

Para eles a falta de transparência do pleito eleitoral, a não entrega dos códigos fontes e de outras informações por parte do STE coloca o resultado das eleições em suspeição.

Os conservadores em vídeos, ou mesmo escritos, são categóricos em dizer que o presidente atual por ter o apoio das Forças Armada irá continuar à frente do Governo, invocando para isso art. 142 da Constituição Federal de 1988.

Se de fato isso vier a ocorrer será péssimo para o país, uma vez que a Constituição Federal estará definitivamente sendo rasgada.

Não tenho dúvidas de que prosperando o que defendem os conservadores de direita, a economia, entrará em queda livre, ficando sujeita a embargos econômicos das principais economias dentre outros retaliações. Nesse cenário a instabilidade política tende a aflorar ainda mais trazendo insegurança ao mercado como resultado imediato teria a apreciação do dólar em relação ao real, com possibilidade de aumento dos índices da inflação, mesmo com taxas básicas de juros em (13,75%), que freiam o consumo.

Fazendo uma analogia com o futebol, as eleições devem ser ganhas nas urnas e o futebol no campo, fora daí não merece o respeito dos cidadãos e torcedores.

Julio Paschoal é economista e professor de economia

A opinião deste artigo não necessariamente reflete o pensamento do jornal.